domingo, 22 de fevereiro de 2015

MAIDAN: UM ANO APÓS

Crise na Ucrânia: Bomba em manifestação deixa pelo menos dois mortos.



Crédito: AP
Bomba atingiu local onde centenas de ucranianos se reuniam para marcar 1 anos dos protestos



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Marcha da dignidade: milhares foram às ruas em Kiev e outras partes do país



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Soldados libertados no último sábado, cumprindo o acordo de cessar-fogo

Uma bomba matou pelo menos duas pessoas, incluindo um policial, e deixou pelo menos outros 10 feridos em uma manifestação na cidade ucraniana de Kharkiv.
A marcha era uma das outras tantas que estão sendo realizadas no país para marcar um ano desde os grandes protestos de 2014 em Kiev que derrubaram o então presidente ucraniano pró-Rússia, Viktor Yanukovych.
Forças de segurança prenderam quatro pessoas suspeitas de terem orquestrado o ataque, segundo autoridades locais.
A explosão aconteceu às 13h20, horário local, conforme as pessoas iam se juntando perto do Palácio do Esporte na cidade para uma marcha de apoio à unidade nacional, segundo a mídia ucraniana.
Um promotor da região ouvido pela agência de notícias Reuters disse que o artefato explosivo aparentemente foi jogado de um carro.
Leia mais: Crise na Ucrânia: EUA e Inglaterra cogitam ampliar sanções à Rússia

Ataque

Alexei Grechnev, uma testemunha que estava no local no momento da explosão, disse à BBC: "Nós estávamos andando em uma coluna de pessoas, em frente à seção, quando ouvi um barulho bem alto e vi algumas pessoas caindo no chão a alguns metros de mim. Algo totalmente inesperado tinha acontecido, uma cena surreal, como nos cinemas."
Uma foto, aparentemente tirada no local da explosão, mostra um corpo enrolado em uma bandeira ucraniana enquanto as ambulâncias se aproximam.
"Os serviços de segurança prenderam pessoas que podem estar envolvidas no ataque e no planejamento de outros crimes de natureza terrorista em Kharkiv", disse um porta-voz da polícia, Markian Lubkivskyi por meio de uma rede social.
Depois, ele confirmou que os quatro suspeitos presos eram cidadãos ucranianos que haviam recebido instruções e armas na cidade russa de Belgorod, do outro lado da fronteira.
O presidente ucraniano Petro Poroshenko descreveu os ataques como "uma ousada tentativa de expandir o território do terrorismo" e prometeu justiça aos responsáveis.
Antes da explosão, Kharkiv, no nordeste da Ucrânia, já havia vivido dezenas de ataques nos últimos três meses, incluindo a explosão em um bar usado por ativistas pró-governo que deixou mais de 10 pessoas feridas em novembro.

Análise: David Stern, BBC News Kiev

Um video filmado por um cinegrafista amador mostra uma marcha com algumas centenas de pessoas em uma das principais ruas de Kharkiv.
Em seguida, a explosão. A multidão corre, apavorada. Um homem cai no chão agonizando. Outro está morto na neve.
Houve outros ataques com bombas e explosões em Kharkiv nas últimas semanas, mas esse foi o mais fatal.
Rebeldes apoiados por Moscou têm ameaçado expandir seu território ali. Muitos temem que o conflito esteja se espalhando por essa cidade tão estratégica, a segunda maior da Ucrânia, a apenas meia hora de distância de carro da fronteira com a Rússia.

Clima sombrio

Enquanto isso, milhares de ucranianos participaram de "marchas da dignidade" na capital Kiev e em outras cidades, lembrando as vítimas dos protestos de fevereiro do ano passado.
Segundo David Stern, o clima estava pacífico, mas ainda sombrio.
Milhares de pessoas marcharam pela rota que incluía as principais zonas de batalha entre os manifestantes anti-governo e a tropa de choque, um ano atrás.
Mais de 100 pessoas morreram no que, até aquele momento, era o pior episódio de violência na história da Ucrânia independente.
Leia mais: Novo incidente com bombardeiros russos reflete temor europeu com avanço de Moscou

Cessar-fogo

Kharkiv é uma cidade fora da zona de conflito no leste da Ucrânia, onde um acordo de cessar-fogo assinado há duas semanas parece finalmente ter dado uma trégua na 'guerra' entre o exército ucraniano e os rebeldes.
O governo da Ucrânia concordou em começar a recolher as armas mais pesadas do local a partir deste domingo, e os rebeldes prometeram fazer o mesmo na terça-feira.
O recuo das duas partes no conflito não deverá ser concluído antes de 8 de março, cinco dias depois do deadline que foi acordado nas conversas de paz em Minsk no início do mês.
Outro elemento chave do acordo selado pelo cessar-fogo foi a liberação de 191 prisioneiros pelo exército ucraniano e também pelos rebeldes – algo que aconteceu neste sábado.
Segundo o correspondente da BBC em Donetsk, Paul Adams, esses dois fatores despertam uma certa esperança de que o acordo irá realmente funcionar, mas com tantas suspeitas e com tanta má fé dos dois lados, ainda não é possível garantir que o cessar-fogo irá durar.
Ainda assim, segundo o funcionário da OSCE, Alexander Hug, o cessar-fogo continua a ser violado, principalmente em Debaltseve, um importante centro de transporte que foi dominado pelos rebeldes nos últimos dias. Ele acrescentou que a situação humanitária está "relativamente catastrófica".
"A população local nos relata que eles não têm água, nem comida, nem gás, ou aquecimento, não têm eletricidade, nem medicamentos. E todos os prédios que os nossos monitores visitaram foram afetados pelo conflito", disse.

Fonte: Flagelo russo

sábado, 21 de fevereiro de 2015

PUTIN RIDICULARIZA MERKEL E HOLLANDE

Minsk: acordo “pacificador” como outrora em Munique com Hitler !


Putin: "eu não estou fazendo nada na Ucrânia!"

Por Luis Dufaur

Os canhões não pararam de trovejar após a assinatura do “cessar-fogo” de Minsk, promovidos por Angela Merkel, François Hollande e Vladimir Putin.
O chefe supremo da “nova-URSS” tem folgadas razões para comemorar “sua” vitória, ou melhor, a claudicação dos líderes europeus.
Os EUA não cessaram de denunciar insistentemente que a Rússia continuava transferindo armas pesadas ao leste a Ucrânia, segundo a AFP.
Segundo a agência Bloomberg, o tratado não passa de uma “bomba de tempo” e a contagem marcha atrás já começou.
Só que ninguém imaginou que iria tão rápido.
Putin, diz a Bloomberg, demonstrou que é um parceiro em que não se pode confiar. Ele jamais cumpriu as concessões que prometeu fazer e está saindo vencedor da maratona de negociações.
Somando e restando, o novo “cessar-fogo” é mais favorável aos separatistas manipulados por Moscou que o acordo anterior.
Os pro-russos conservarão o controle do território que ganharam violando o acordo anteriormente assinado. É algo incompreensível, escreve Leonid Bershidsky da Bloomberg.

“Um instantinho Vladimir...!”, implora Angela Merkel.
O “diálogo” com Putin em Minsk
tendeu para um entreguismo facilmente ridularizável.


Os milicianos rebeldes ganharam uma super-autonomia, e governarão o território ocupado sob o sopro russo.
Kiev deverá anistiar os rebeldes, restaurar o sistema bancário no território que está na mão de outros, fornecer serviços públicos, e pagar aposentadorias e benefícios sociais na área dominada a controle não tão remoto pela Rússia.
As contradições são tantas, diz Bershidsky, que a bomba de tempo pode explodir a qualquer momento.
As relações da Ucrânia com a União Europeia e a OTAN ficaram numa situação mais do que volátil, e a ameaça da retomada da guerra paira como uma espada de Dâmocles não só sobre Kiev, mas sobre a OTAN também.
Nenhum acordo podia ficar tão perto do que Putin desejava.
Por isso, ele disse que “não é a melhor noite de sua vida, mas um belo amanhecer”.


Vladimir Putin ficou como o personagem central das conversações


E a plenitude do dia de Putin será quando possa trazer a Ucrânia de volta para a esfera política, econômica e militar da “nova-URSS”.
A BBC com argumentos análogos aponta também para uma vitória diplomática da Rússia.
O exército ucraniano terá que retroceder e os prosélitos de Vladimir Putin ficarão com os territórios ganhos violando o “cessar fogo” anterior.
O papel assinado em Minsk diz que a Ucrânia recuperará o controle de suas fronteiras com a Rússia para impedir a entrada de armamento e soldados. Mas, isto não acontecerá até o fim de ano. E ainda assim só se forem preenchidas condições pouco prováveis de se concretizarem.
A Constituição ucraniana deverá ser reformada para admitir a autonomia das regiões rebeldes, que terão polícia, juízes e alfandegas próprias para comerciar com a Rússia.
Para a revista socialista francesa “Le Nouvel Observateur” em virtude das notas no pé da página do acordo, os enclaves autônomos na prática viram unidades como que independentes que concentram seu relacionamento com a Rússia como se fossem alheias a seu país.

 
Lança mísseis Katyusha pro-russo visa objetivos civis e militares em Donetsk


Para o jornal britânico “The Telegraph” o acordo de Minsk não resolve o problema da presença de milhares de soldados russos no território ucraniano.
Por volta de 9.000 soldados de cinco batalhões de infantaria apoiados por tanques e artilharia pesada entraram no país para reforçar os rebeldes.
Embora o acordo fale da saída das forças estrangeiras, conversa não basta, comenta o jornal. É necessário um cronograma com um limite definido, com uma autoridade, como a OSCE, que supervisione a saída.
Tudo o que não for isso é fogo de palha.
E o incêndio vermelho arde com ferocidade rumo ao Ocidente insuflado desde Moscou.

Fonte: Flagelo russo.

RÚSSIA CONTINUA ENVIANDO ARMAMENTO E TROPAS PARA O LESTE DA UCRÂNIA

Kiev denuncia entrada de mais tropas russas para tomar Mariupol

Merkel e Hollande insistem num cessar-fogo que parece cada vez mais longe, à medida que os combates alastram a vários locais.
 
O cessar-fogo assinado em Minsk continua a ser ignorado no Leste da Ucrânia por ambos os lados do conflito. A tomada de Mariupol pode ser a próxima batalha, avisa o exército ucraniano.
É na cidade portuária na costa do mar de Azov que as atenções se concentram. As autoridades ucranianas dizem que um novo contingente militar russo atravessou a fronteira na direção de Mariupol, uma cidade portuária de 500 mil habitantes, com o objetivo claro de apoiar a investida rebelde. Mais de 20 tanques, dez sistemas de mísseis e vários caminhões com soldados rumaram em direção a Novoazovsk – a cerca de 40 quilometros de Mariupol – depois de terem atravessado a fronteira russa, disse o porta-voz do exército, Andrei Lisenko.
“Nos últimos dias, apesar do acordo de Minsk, equipamento militar e munições foram vistos a atravessar da Rússia para a Ucrânia”, afirmou o responsável, citado pela Reuters. As acusações – suportadas pela NATO, pela União Europeia e pelos EUA – de que Moscou terá enviado unidades do seu exército regular para combater na Ucrânia têm sido uma constante desde o início do conflito, algo que sempre foi contestado pelo Kremlin.
Já nesta quinta-feira tinha havido notícia de bombardeamentos sobre posições ucranianas em Shirokine, também na costa do mar Azov. A tomada de Mariupol tem um elevado significado estratégico, dado que é a principal cidade sob controle de Kiev nas duas regiões com presença separatista e por permitir a criação de uma ligação terrestre à península da Crimeia, anexada em Março pela Rússia.
A Europa – em especial a França e a Alemanha, mediadores do acordo da semana passada – continua a defender que “Minsk 2” continua vivo e insiste na sua implementação. O mantra foi repetido nesta sexta-feira depois de um encontro bilateral em Paris entre o Presidente francês e a chanceler alemã. "Estamos convencidos de que os acordos de Minsk se devem aplicar. Todos os acordos de Minsk e nada para além dos acordos de Minsk", disse François Hollande. É necessário "fazer tudo para que o banho de sangue não continue", defendeu Angela Merkel. Para terça-feira está marcado um encontro entre os chefes da diplomacia dos quatro países envolvidos nas negociações (Alemanha, França, Rússia e Ucrânia), em que será discutida a "efetividade" dos acordos.
O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, anunciou entretanto que vai consultar os dirigentes europeus sobre “as próximas medidas” da UE, em resposta às violações ao cessar-fogo. Eventuais medidas terão como objetivo “aumentar o custo da agressão contra o Leste da Ucrânia”, disse, em comunicado. “Houve mais de 300 violações do cessar-fogo. As pessoas continuam a morrer. Chegámos a um estado em que os esforços diplomáticos são inúteis, se não forem acompanhados de ações suplementares.”
O Departamento de Estado norte-americano falou também esta sexta-feira em “custos adicionais” para o Governo de Moscou, “se a Rússia e os separatistas falharem a aplicação do acordo, pondo fim à violência”, disse a porta-voz Jen Psaki.
No terreno, as notícias não podiam ser mais diferentes daquilo que se esperaria de um cessar-fogo. As autoridades ucranianas deram conta de mais de 300 ataques das forças rebeldes, sobretudo nas zonas de Donetsk e Mariupol. “O número de ataques mostra que os terroristas não querem silenciar completamente as suas armas”, disse à Reuters o porta-voz Anatoli Stelmach.
Numa lógica de parada e resposta, as forças pró-russas também denunciaram ataques do exército ucraniano. Na quinta-feira, uma mulher civil foi morta depois de um bombardeamento a uma zona residencial de Donetsk, de acordo com o serviço de imprensa das autoridades separatistas.
Em Debaltseve, a cidade de onde o exército ucraniano se retirou esta semana, também persistem os combates, segundo declarações prestadas à Reuters. Na quinta-feira, os dirigentes separatistas tinham anunciado o controlo deste importante nó ferroviário que liga as duas principais cidades do Leste, mas revelaram a existência de “bolsas de resistência”, indicando que os confrontos naquela área ainda iriam continuar. Durante a retirada, foram capturados mais de 90 soldados ucranianos, 82 estão desaparecidos e foram mortos pelo menos 13, segundo dados do exército.