quinta-feira, 14 de março de 2013

HOLOKOST: O Inferno na Terra - 1ª Parte

LEMBREMOS DE VINNYTSIA - 1ª Parte

Antin Drahan

Iniciamos a tradução deste pequeno livro que é o relato dos acontecimentos em Vinnytsia - Ukraina. Situações semelhantes aconteceram em todo o território ukrainiano. As pessoas, presas sem motivo eram executadas sob a alegação de serem "inimigos da nação".

Lembremos de Vinnytsia, do jornalista e escritor ukrainiano Antin Drahan. Antin Drahan nasceu na Ukraina, em 1913. Estudou jornalismo. Pertenceu a OUN (Organização de Nacionalistas Ukrainianos). Perseguido, foi preso por dois anos. Posteriormente na Alemanha, durante a II Guerra Mundial escrevia e editava jornais ukrainianos, para os ukrainianos que foram levados pelos nazistas para trabalhos forçados.
Esteve na Ukraina em 1943, durante os acontecimentos descritos no livro. Ilegalmente entrou na França em outubro de 1943 e foi preso, permanecendo sob a guarda da Cruz Vermelha. Como já era correspondente (anônimo) do jornal "Svoboda" (Liberdade), editado nos EUA, conseguiu com o redator do jornal os documentos necessários e pôde emigrar, legalmente, para os EUA. Antin Drahan faleceu nos EUA, com 73 anos de idade, em 1986.
(Pesquisa Internet)

"HOLOKOST" ESQUECIDO

Nossa nação ukrainiana na terra natal mas ainda não soberana (Este livro foi escrito antes da independência da Ukraina mas, será que agora com o governo pró-Rússia, podemos considerar a nação ukrainiana soberana? - OK), e na diáspora em várias localidades de diversos países do mundo livre, principalmente grandes comunidades ukrainianas nos Estados Unidos e Canadá, preparam-se com afinco para a comemoração do magno acontecimento histórico de nossa pátria: o milênio da aceitação formal do Cristianismo, que acontecerá no ano de 1988.

Em 1988 completará 50 anos a extraordinária ocorrência denominada pela nação ukrainiana "inferno na Terra". Nos anos 1937-39, os representantes do poder soviético na Ukraina ocupada por Moscou, efetuaram, em tempos de paz, uma inacreditável ação terrorista contra a nação ukrainiana, cujas vítimas foram dezenas de milhares de homens e mulheres que "pecaram" porque possuíam em casa uma cruz, um missal, ou reconheciam conscientemente Cristo. Estas pessoas foram barbarizadas, mortas e enterradas em sepulturas comuns, mascaradas.

Este perverso extermínio da nação, chamado "holokost", foi perpetuado contra a nação ukrainiana, subjugada pelo regime de ocupação moscovita e, casualmente tornado público cinco anos após, em 1943, quando da ocupação de outros exterminadores da nação ukrainiana, os nazistas alemães, na cidadezinha chamada Vinnytsia.

Muita água correu no rio Buh, às margens do qual está Vinnytsia. Muitos crimes do regime comunista foram revelados e anotados historicamente naqueles tempos. Alguns crimes de extermínio, perpetuados contra as nações no tempo de Stalin foram divulgados por seus sucessores. Mas, é em vão procurar documentos soviéticos, uma mínima anotação sobre "holokost" em Vinnytsia. Pelo contrário, lá se faz o possível e o impossível, usa-se todo tipo de artimanhas e mentiras para abafar este assunto, revelado a mais de 50 anos. E, até obtem-se bastante êxito porque muitos dos atuais habitantes da Ukraina com os quais conversamos, e alguns turistas, desconhecem o ocorrido.

No mundo livre também não houve divulgação suficiente nesse sentido. Esse assunto tornou-se evidente por ocasião das comemorações de 40 anos do término da Segunda Guerra Mundial na Alemanha, com a controversa presença do presidente dos EUA, Ronald Reagan, e que notabilizou-se por um dos maiores e mais corajosos debates do alcance mundial. Nesta ocasião chegou-se ao consenso que crimes de extermínio de nações jamais deverão ser esquecidos.

Mas - se esquecem. E mais, pode-se dizer - nas respectivas conjunturass políticas. Esta advertência veio do Sr. Eric Margolis no jornal "Toronto San" de 28.04.85, de Toronto, Canadá. Diz ele em seu artigo "A União Soviética é muito mais perigosa que o falecido nazismo. "A televisão, os livros, os filmes e jornais diariamente lembram o perigo nazista, mas nada falam sobre o perigo soviético. Os atuais governantes de Kremlin são politicamente, legalmente e moralmente descendentes diretos de J. Stalin. Não esqueçamos que a URSS, oficialmente nunca renunciou aos atos de Stalin. O sistema e fundamentos morais que possibilitaram o desenfreado terror stalinista sobrevive com força na Rússia atual. As almas de 27 milhões de ukrainianos, russos, lituanos, letonianos, estonianos, judeus, tártaros, muçulmanos, ainda permanecem sobre a União Soviética. Elas nunca acharam paz devido ao não arrependimento do governo como aconteceu na Alemanha. No entanto, nós os esquecemos..."

O caso de Vinnytsia em geral é muito pouco conhecido e pouco falado também no Ocidente. Por este motivo, o autor deste relato, que teve a oportunidadee de passar alguns dias em Vinnytsia durante as escavações das muitas sepulturas, em junho de 1943, extraiu para este livrinho alguns dados de suas reportagens anteriores, referentes a este tema. "Abriu-se a terra e apareceu o inferno" foi publicado no Almanaque da UNS - 1972, USA. Foram acrescentados dados oficiais e de outras publicações, baseando-se em dados fundamentais sobre o crime de extermínio da nação em Vinnytsia. Isto foi feito com esperança de que este fato, e outros dessa natureza "nunca sejam esquecidos".

VINNYTSIA - SÍMBOLO

Na linda localidade ukrainiana da região do "Podilia" (relêvo de pouca altitude), às margens do rio Buh, localiza-se a cidade de Vinnytsia, na administração soviética centro da província do mesmo nome. A cidade e seus arredores praticamente se "afogam" em pomares. No início da II Guerra Mundial - de acordo com a estatística soviética - contava, aproximadamente, 100 mil habitantes, dos quais 41% eram ukrainianos, 38% judeus, 14% russos e 4% poloneses.

De acordo com os dados soviéticos, Ukraina sovietizada possuía, em 1929, 31.194.976 hab. Essa mesma estatística apresenta em 1939, isto é, dez anos mais tarde, dentro dos mesmos limites, apenas 28.070.404 hab., sendo 3.124.572 menos. Levando em consideração que o aumento da população ukrainiana é bastante elevado e, naquela época situava-se entre 17.7 a 24.5 por mil, então em dez anos, antes da II Grande Guerra a Ukraina perdeu 10 milhões de pessoas. Aonde foram parar e o que aconteceu com elas? Uma parte formou as montanhas de cadáveres inchados que caíram vítimas da fome organizada por Moscou nos anos 1932-1933, e em seguida não menos pavorosos acontecimentos como o encontrado nas sepulturas coletivas em Vinnytsia e outras cidades ukrainianas, durante a II Guerra Mundial, e ainda nos dias atuais. Estas pessoas foram encontradas com as mãos amarradas nas costas e crânios perfurados com balas bolcheviques, em sepulturas coletivas. Somente em Vinnytsia havia quase 100 mil. Vinnytsia tornou-se símbolo dos supliciados e executados.

NO VALE DE LÁGRIMAS E DOR, RUÍNAS E MORTE

Era uma linda manhã de 16 de julho de 1943. O sol, qual bola de fogo surgiu no horizonte e com seus cálidos raios iluminou a terra na qual a já bom tempo não havia nem luz nem calor. A luz e o calor do sol, e a exuberante natureza, contrastavam com a aglomeração andrajosa e faminta de criaturas, que com pequenos fardos nas mãos, esperava na estação de trem em Koziaten. Eram, principalmente mulheres e homens de idade avançada. De tempo em tempo um ou outro tirava do fardo uma fatia de pão de alpiste e aveia, ou de restos de centeio e, cuidadosamente, quase com devoção, o colocava na boca. E, nos lixeiros cavavam sujas, maltrapilhas e famintas crianças, que colocavam na boca qualquer coisa e a cuspiam assim que constatavam não se tratar de resto de maçã ou casca de pão. Entre esses viajantes desamparados encontrava-se o apático ferroviário local não prestando nenhuma atenção em ninguém.

Estes personagens encontravam-se em apenas um canto da estação. A estação toda estava inundada de uniformes cinzentos, cinzento-verdes, marrons e pretos. São os novos conquistadores.

Pelos uniformes podia-se adivinhar o sentimento expresso em suas faces. Os de preto e marrom - barrigudos, presunçosos, confiantes e cruéis. Os de cinzento - na maioria também cinzentos. Seu entusiasmo guerreiro também acabou e evaporou quando pisaram nesta terra. Agora são empurrados para o conhecido e o desconhecido, e eles, soldados comuns do Reich de Hitler vão aonde os de preto e marrom lhes ordenam. Como eco de suas sensações um desses Fritz registrou: "Tudo vem, tudo passa, já estou dois anos na Rússia e não entendo nada". Entre esses cinzentos, como entre os viajantes andrajosos civis, permeiam, com baionetas erguidas, e capacetes, os guardas do exército.

De repentee, ao longe ecoou o trem e os de capacete imediatamente se colocaram junto às portas. Na estação adentrou um trem de carga com vagões fechados. Entre os vagões alguns daqueles capacetes com baionetas erguidas. É o novo transporte para a escravidão do Reich. O trem passou vagarosamente pela estação mas não parou. E aqueles com fardos, nos cantos, secavam as lágrimas e se benziam.

Depois de algum tempo outro trem adentrou na estação e parou. Na frente da locomotiva um vagão de carga aberto, forrado com sacos de areia e sobre os sacos uma metralhadora preparada para disparar. Tal petrecho é contra os guerrilheiros - os "partyzane" (Partyzan, do italiano partigiano - partidário de um determinado grupo social, partido. Pessoas não pertencentes ao exército regular. Durante a ocupação nazista, na Ukraina havia grupos de "partyzane" tanto russos quanto ukrainianos, que lutavam contra o domínio alemão. - OK). Atrás da locomotiva alguns vagões de carga fechados e 2 - 3 de passageiros, mas estes não são para as pessoas, somente para os alemães - como avisam as inscrições. Para as pessoas, no final 2 - 3 vagões de carga. As pessoas comentam: "Onde devem ir os porcos, agora vão pessoas, e onde devem ir pessoas, agora vão os porcos".

O trem vai para Vinnytsia. As pessoas com fardos, ajudando-se mutuamente sobem para os vagões de carga. Cada um com seu fardo acomoda-se como pode. Ouvem-se suspiros pesarosos e mãos famintas enxugam uma lágrima.

Viajando neste trem o pensamento não consegue desviar-se das inúmeras belezas e riquezas desta terra, da penúria e infelicidade de seus autóctenes! Vagarosamente o trem atravessava as aldeias, parada após parada. Em todos os lugares, até aonde a vista alcançava estendiam-se imensuráveis campos de terras produtivas e, às vezes matas verde-azuladas. Entre os campos, como que afogadas entre pomares, avistavam-se as aldeias. E, novamente o contraste - entre a riqueza da terra e sua natureza, a miséria da população. Por entre as árvores avistavam-se as choças em ruínas, sem cerca ou qualquer outra proteção. Também não se avistava nenhum instrumento agrícola, tão comum anteriormente nos quintais. Muito menos algum animal. Se algum ainda restava, agora passou para os cuidados dos sócios dos alemães, os hungáros.

Em cada aldeia, atrás do trem, corriam bandos de crianças maltrapilhas e descalças, e com mãos estendidas pediam: "Senhor, senhor, dê-me pão!

Ao longo da linha de trem, de ambos os lados, os alemães mandaram cortar, numa extensão de 100 metros, todas as árvores para que os guerrilheiros não tivessem esconderijo. Em todas as curvas havia guardas do exército alemão abrigados em pequenas casamatas. Sinais de guerra estavam visíveis a cada passo.

NA CIDADE DO MEDO E MORTE

Ainda antes do meio dia o trem parou na estação de Vinnytsia. As pessoas com fardos saíram dos vagões e subiram pelo largo bulevar Kochubenskoho, cuja ponte de madeira sobre o rio Buh encontrava-se fortemente guarnecida pelo exército. Seguiram pela Avenida Ukrainiana em silêncio. Ninguém conversava, ninguém olhava os arredores. Evidenciava-se que além dos fardos um peso muito maior oprimia-lhes a alma. Na continuação da Avenida Ukrainiana inicia-se a rodovia de Liten e para lá dirigem seus passos estas sombras vivas.

Próximo à rodovia, em três locais: em assim chamado "Parque da Cultura e Repouso do lado direito, no velho cemitério na margem oposta e no pomar de árvores frutíferas a certa distância abriram sepulturas coletivas e delas retiraram cadáveres já putrefatos de pessoas, de mãos amarradas nas costas com arames e barbantes, e com cavidades de balas nas nucas. São centenas de milhares. Novas sepulturas, novos cadáveres surgem. Cheiro fétido, cadáverico, quase insuportável espalhava-se e parecia abraçar a cidade, e toda Ukraina.

Com a notícia da abertura das sepulturas, de várias localidades, principalmente do "Podilia", afluem os desamparados à procura de alguma notícia sobre os aprisionados pela NKVD (Comissariado de Assuntos do Interior - Precursora da KGB), antes da guerra. Procuram por seus familiares - pais, irmãos, mães, irmãs, filhas e filhos. Aproximando-se destes lugares de medo e morte, eles arrancavam um pouco de capim na beira da estrada e o seguravam junto ao nariz. Alguns choravam antes de se aproximarem. Outros sentavam nas trincheiras, não sabendo o que fazer - continuar ou voltar. Se houve no mundo um retrato de miséria e desespero, então é este aqui.

Provavelmente tremiam os braços e as pernas a quem se aproximava das sepulturas. Sim, já é o lugar do horror. Aproximam-se do primeiro monte de cadáveres e, de repente, uma mulher idosa distanciou-se do grupo, arremessou seu fardo e com o grito de ave abatida caiu sobre o primeiro cadáver. O cadáver abriu-se sob seus braços. As pessoas ergueram a velhinha e a colocaram desmaiada na relva. Quando voltou a si, contou: Ela procedia da distante Chernihov e durante três noites seguidas sonhou com seu filho aprisionado em 1937, o qual, no sonho, lhe pedia que fosse a Vinnytsia e perguntasse por ele. Ela viajou durante uma semana. Aqui estava. O cadáver de seu filho reconheceu pela roupa e braço esquerdo amputado.

UM POUCO DE HISTÓRIA

Chegando em Vinnytsia entrei na redação de "Notícias de Vinnytsia" e travei conhecimento com o redator Apolônio Trembovetskyi, já falecido, o qual, tempos depois, encontrei nos Estados Unidos. Em sua companhia e mais dois antigos amigos, que serviam de intérpretes durante a abertura das sepulturas, por vários dias visitei estes lugares, observava-os,conversava com as pessoas e ouvia seu pranto.

Com base nas informações obtidas e anotadas e, principalmente com base na posterior publicação de documentos, foi possível estabeler tais fatos:
De 24.06 a 26.08.43, em Vinnytsia abriram em três localidades 91 sepulturas coletivas e retiraram delas 9.432 cadáveres, incluindo 196 mulheres. Com base nas marcas no corpo, nas roupas e nos documentos, foi possível identificar 679 cadáveres, sendo que 490 eram ukrainianos, 28 poloneses e 161 de nacionalidade não estabelecida, entre os quais alguns judeus e russos. Profissionalmente foram identificados 225 trabalhadores de fazendas coletivas, 54 pertencentes às fazendas coletivas, 119 trabalhadores, 92 funcionários e 183 do chamado labor inteligente. Os cadáveres não identificados, como demonstravam suas vestes, seriam aldeões e trabalhadores.

Pelo comando da abertura das sepulturas respondia uma comissão juridico=médica, composta de alemães, o ukrainiano Dr. Doroshenko de Vinnytsia, um russo Dr. Malinina, professor da Universidade de Krasnodar. Durante as escavações, investigação e identificação de cadáveres auxiliava a população local. Todos os sítios escavados foram observados e avaliados pela comissão juridíco-médica internacional de países satélites alemães e neutros. Entraram nesta comissão: Dr. Zenon - Bélgica, Dr. Mykhailov - Bulgaria, Dr. Pezonen - Finlândia, Dr. Diuvuar - França, Dr. Katsaniga - Itália, Dr. Jurak - Croácia, Dr. Porten - Holanda, Dr. Birkle -Romênia, Dr. Khekhevict - Suécia, Dr. Kresek - Eslováquia, Dr. Orsoz - Hungria. A escavação e a retirada dos cadáveres foi realizada pelos prisioneiros dos cárceres locais.

O fato de que as escavações e investigações ocorreram sob a ocupação da Ukraina por não menos cruéis e criminosos nazistas, inimigos da humanidade, não diminui em nada esse malefício bolchevique em Vinnytsia. Os alemães se permitiram crimes semelhantes mas os seus eles não mostravam nem investigavam. Isto foi feito depois da guerra, em Nuremberg. E é preciso esclarecer que a revelação dos crimes bolcheviques em Vinnytsia não influenciou positivamente a população local aos alemães. Pelo contrário, a população amaldiçoava também os novos ocupantes.

Continua
Tradução: Oksana Kowaltschuk

Nota: "Holokost"
A palavra "holokost" ou Holocausto é derivada do grego e tem duas partes: (holos), que significa "queimado" e (kausto) que significa "oferta", "sacrifício". No início a palavra "holocausto" tinha conotações religiosas, mas também era usada por séculos em relação aos desastres e grandes calamidades principalmente relacionadas aos incêndios. Foi usada, entre outros, para descrever o genocídio dos armênios pelos turcos, em 1909, para descrever os grandes incêndios em Minnesota (EUA), em 1918, e outros.
Já em meados do século 20, a palavra "holocausto" foi usada na imprensa sobre a onda de terror contra população judaica na Alemanha durante a Segunda Guerra Mundial; perseguição e extermínio dos judeus europeus pela Alemanha nazista e colaboradores durante o 1939 - 1945 anos, genocídio do povo judeu durante a Segunda Guerra Mundial.
Como vítimas do Holocausto também são percebidas outras comunidades étnicas e sociais que os nazistas perseguiam e exterminavam (ciganos, homossexuais, maçons, em estágio terminal, etc.) Isto é, em um sentido mais amplo, o Holocausto - a perseguição sistemática e aniquilação de pessoas com base em sua raça, etnia, nacionalidade, orientação sexual ou tipo genético inferior, prejudicial. (Oksana).

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