sábado, 26 de janeiro de 2013

SAGA DE LAZARENKO - Parte 4

Saga americana de Lazarenko - Parte 4
Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 11.10.12
Serhii Lyshchenko

Traição, Bahamas e 96 milhões.

Lazarenko e Kyrychenko se conheceram em 1986. Lazarenko trabalhava no gerenciamento da agricultura do comitê regional do Partido Comunista e Kyrychenko era sub-chefe de vendas.

No final da União Soviética Kyrychenko era colaborador da representação comercial soviética na Hungria e Polônia, e em 01.09.90 fundou a empresa "AhroPostachZbut" em Dnipropetrovsk. "A empresa estava envolvida em negócios da área de alimentos, produtos agrícolas, herbicidas..." descreveu o perfil de suas atividades Kyrychenko no interrogatório nos EUA.

Quando em 1992 Lazarenko tornou-se governador de Dnipropetrovsk, abriu-se luz verde para Kyrychenko. Em 1993 eles formalizaram sua relação: Lazarenko passou a receber de Kyrychenko 50% de sua renda em troca da promoção de seus interesses. Em Varsóvia eles abriram uma conta para Lazarenko, no American Bank, o que foi fundamental na construção americana quanto acusações de extorsão.

Kyrychenko concordou com o pagamento de 50% porque não via outra maneira de crescer o seu negócio. O dinheiro deveria ser creditado no nome da senhora Karova, tia da esposa de Lazarenko porque ele pretendia ficar anônimo. No mesmo dia, 13.01.1993, foiram depositados 40 mil dólares, como taxa preliminar. Ainda sendo dirigente da província de Dnipropetrovsk, Lazarenko deu permissão a Kyrychenko para exportar carvão, petróleo, aço, etc - como também para empresa da Tymoshenko "Corporação da Gasolina Ukrainiana".

As duas famílias eram realmente muito próximas. Em 1998, os Kyrychenko, que então residiam nos EUA esperaram o tempo necessário até Lazarenko voar até lá para ser padrinho da netinha deles.

Pistola em Varsóvia

Mas Petró Kyrychenko tinha seus próprios esqueletos no armário. No início de 1994 ele morava, parcialmente em Varsóvia. A polícia, ao desvendar um crime encontrou uma pistola no armário de seu escritório e, no início de 1995 ele foi aprisionado. Lazarenko correu em socorro. Também o Cônsul Geral da Ukraina e, Andrei Novakovskyi, funcionário do consulado, declarou que a pistola era sua, que ele simplesmentee a deixará no escritório de Kyrychenko. Em 02.03.95 Kyrychenko foi libertado sob a fiança de 1,3 milhões de Zloty (moeda polonesa), e no dia 07.03.95 recebeu permissão para visitar Ukraina devido a negócios - sob garantia de retorno. Mas em vez de Ukraina Kyrychenko fugiu para EUA. Imediatamente começou legalizar seus documentos para residência permanente nos EUA onde tinha uma empresa, a ABS Enterprises, mas cometeu um erro no formulário do Serviço de Imigração e Naturalização ajustando seu status-de-não-imigrante para imigrante. E declarou que nunca tinha sido preso. Em 16.01.96 ele obteve o status de residente. Mas em 1999, o agente especial do FBI Brian Earl começou um processo contra Kyrychenko pela informação falsa fornecida ao Serviço de Imigração e Naturalização.

Paralelamente, contra Kyrychenkoo começou a investigação por lavagem de dinheiro. E, em 28.05.99 a investigação suiça enviou um pedido à Procuradoria Geral de EUA sobre a prisão e extradição de Kyrychenko. Finalmente, no verão de 1999 ele foi preso nos EUA como cúmplice de Lazarenko. Ele passou 183 dias na mesma cela de Lazarenko, até que em dezembro de 1999 testemunhou contra Lazarenko porque temia que Lazarenko estivesse testemunhando contra ele. Na verdade Lazarenko dava informações contra Kuchma e Yushchenko - ex-primeiro-ministro de Kuchma.

Quando Kyrychenko despedia-se na prisão (ele foi anistiado pela delação), beijou Lazarenko (velho costume entre grandes amigos ukrainianos. O beijo é no rosto! - OK), mas depois admitiu: "Este foi beijo de Judas."

Conluio com investigação

Depois do acordo, Kyrychenko foi para prisão domiciar - com bracelete eletrônico no pé, para sua propriedade elegante em Tiburoni com vista para São Francisco e "Golden Gate". Este acordo foi mantido em segredo por muitos anos, mas agora este documento também pode ser encontrado entre os arquivos do tribunal de São Francisco. Kyrychenko declarou-se culpado em um episódio: "Eu concordo que eu tenha recebido ou manejado dinheiro roubado e ilegalmente me apropriado dele..."

A pena máxima para essa acusação era de 10 anos de prisão. Kyrychenko assinou: "Eu concordo que os fatos que se seguem são verdadeiros: com indicação de Paulo Lazarenko, cerca de 30 de julho de 1997, eu fiz a transferência de 8,2 milhões de dólares... Ele concordou em pagar 3 milhões de dólares de restituição e testemunhar a verdade. O governo dos EUA comprometeu-se em não enviar à Procuradoria Geral da Ukraina a informação dada por Kyrychenko, não fazer contra ele acusações criminais adicionais - e não deportá-lo dos EUA com sua esposa e filhas.

Este acordo abriu caminho para acusações a Lazarenkoo. EUA lhe imputaram acusações pelos artigos "conspiração para lavagem de dinheiro", "transferência da propriedade roubada" - em geral 33 pontos. Um ano depois as acusações aumentaram para 53 pontos.

Quem foi Kyrychenko

Kyrychenko era mão direita e conselheiro de Lazarenko no seu período ministerial. Para Lazarenko Kyrychenko tinha seu próprio negócio, mas era seu subordinado. Era o principal elo de ligação com a corrupção. Ele registrava em seu nome as empresas de offshore para onde ia a parte subornada de muitos empresários, começando por Tymoshenko e terminando com a russa "Itera". Depois ele transferia o dinheiro para contas pessoais, codificadas, de Lazarenko e ía à Suiça pegar os recibos no período que Lazarenko foi primeiro-ministro.

Dinheiro para política

Em 1997, em férias na Espanha, Lazarenko disse a Kyrychenko que pretendia voltar a política candidatando-se à presidência, queria eliminar Kuchma. O dinheiro que guardava seria para essa finalidade. Foi organizado o partido "Comunidade" sob a liderança de Lazarenko e Tymoshenko. Após a saída do Ministério Lazarenko sentiu perigo quanto ao dinheiro na Suiça. 96 milhões de dólares, em espécie, foram transferidos para sucursal offshore do mesmo banco SCS Alliance, nas Bermudas. No tribunal Lazarenko sustentava que financiava o Partido, o seu jornal "Verdade da Ukraina", o canal de TV "UTAR", 40% do jornal "Espelho da Semana" e o jornal "Notícias de Kyiv". E também adquiriu estações de televisão, estações de rádio, e outros meios de comunicação.

Quando os procuradores de Lazarenko revelaram seu capital, os advogados começaram procurar desculpas para tal riqueza. Em 2003 Lazarenko admitiu, pelo menos, 86 milhões de dólares. A desculpa de que todo esse dinheiro seria para luta política contra Kuchma não convenceu devido a uma vivenda de luxo no subúrbio de Novato, próximo a reserva natural Ignácio, e que lhe custou 6.745.000 dólares. Fica localizada em frente a Baía São Francisco na Rua Obertz Lane, N° 100.
 
 
 
 
 
 
 
Ninguém atende a campainha. A caixa do correio está aberta e contém uma lista telefônica já envelhecida. Seu vizinho não conhece o morador, não sabe nada. Anteriormente a casa era alugada por Eddie Murphy, ator de Holliwood. As casas próximas são de alto padrão, nas estradas Ferrari ou Porsche. Somente a vila de Lazarenko é cercada com arame farpado e há o aviso: "Propriedade Privada". Dentro há 9 dormitórios, campo de tênis e cascata de piscinas. (As fotos constam das provas do tribunal).

Lazarenko preparava-se para derrotar Kuchma em 1999 e, paralelamente apetrechava sua vida na Califórnia. A esposa e filhos mudaram-se para nova residência. O palacete sofreu grandes reformas, no valor de 700 - 750 mil dólares e foram camprados dois automóveis: "Mercedes" S 500 - 90 mil dólares e Range Rover por 60 mil dólares.

Paulo Lazarenko - banqueiro da Antígua

Na primavera de 1997 surgiram rumores sobre a sua demissão do ministério. Então, além de perder influência sobre a economia ukrainiana, ele perderia também os rios caudalosos de dinheiro que entrava na sua conta na Suiça como parte de "participação no negócio". 96 milhões de dólares ele transferiu para duas empresass offshore nas Bahamas. Com 28 milhões restantes ele, mais a parte de Kyrychenko, adquiriram 67% de ações do EuroTed Bank na ilha Antígua.
 
 

Em 1998 Lazarenko voou para EUA e comprou a mansão em Novato. Depois foi descansar no Havaí.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
 

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