quarta-feira, 30 de maio de 2012

2012: ANO DA DEGRADAÇÃO DAS FORÇAS ARMADAS?

Dzerkalo Tyzhnia (Espelho da Semana), 27.04.2012
Dmytro Mendelieiev


Muito poucos resultados da reunião da Comissão da Reforma das Forças Armadas e da indústria da defesa, que teve lugar em 20 de abril sob a liderança de Viktor Yanukovych, é prova eloquente de que a estadia de 80 dias de Dmytro Salamatin [Ministro da Defesa e cidadão russo naturalizado ucraniano em 2005. AO] em alto posto estatal, não conseguiu contribuir no desempenho de seu antecessor, referente ao decreto presidencial caduco, de 17.11.2010.

Lembro que neste documento já coberto de pó, tratava-se da necessidade de desenvolver, em data mais próxima possível, a nova redação da Doutrina Militar e Estratégia de Segurança Nacional sancionando o Programa Estatal da Reforma e Desenvolvimento das Forças Armadas da Ukraina para 2011-2015, isto é, todos aqueles documentos que devem determinar a direção da reforma do exército para perspectiva dos próximos cinco anos, e além.

Os relatores que prepararam o discurso do presidente, fraudaram, apresentando a seu chefe o texto, que quase inteiramente coincide com o apresentado na reunião do Conselho de Segurança Nacional em novembro de 2010.

Também está claro que Dmytro Salamatin ainda não tem nada para relatar: aumento para manutenção de militares não sai, problemas com garantias de moradias para militares não se resolvem. Os comerciantes também não estão prontos para dar dinheiro. E ainda tem o escândalo com o fato de em 2005 o ministro D. Salamatin ter recebido - às vesperas das eleições parlamentares a cidadania ukrainiana.
Não destacou-se no tempo a preparação de D. Salamatin, para reforma do exército, o repetido anúncio de Yanukovych que "2012 é o ano da Reforma das Forças Armadas".

Analisando tudo, o ano das reformas presidenciais, gradualmente transformado em meio, e então, eis que, para tudo e sobre tudo sobra um quarto, e ainda sob condições, que o ministro da Defesa se recusará de gerenciar à distância a empresa "Ukroboronprom" (Consórcio de empresas estatais especializadas em exportação de armamento e concessão de diversos serviços na esfera técnico-militar) e pretensão de "sacudir" as estruturas comerciais que asseguram o combustível militar, o alimento e mobiliário, com total substituição dos gestores das empresas estatais, com pessoas leais aos novos dirigentes do departamento militar.

Eu estou longe da suposição, que 08.02.2012 - data da nomeação de D. Salamatin para o Ministério da Defesa tornar-se-á para o exército ukrainiano o ponto de não retorno, levando a consequências catastróficas. Mas os escândalos, grandes e pequenos que acompanham a curta e improdutiva atividade "reformista" do ministro, obrigam à suposição do pior cenário de desenvolvimento das ações.

Quem é você, Salamatin, cidadão da Ukraina?
A arrebatada discussão nos meios de informação de massa, o súbito recebimento da cidadania ukrainiana por D. Salamatin provavelmente não causará quaisquer consequências graves. É improvável que o presidente cancelará o decreto de cidadania para tão valioso á Ukraina imigrante. Também não sofrerão os burocratas e funcionários públicos, que rapidamente analisaram as matérias sobre D. Salamatin, deixando um rastro de perguntas no plano jurídico e político. Não, especialmente, se castigarão com dúvidas os participantes do Congresso Pré-eleitoral do Partido das Regiões, os quais no dia 03.12.2005 aprovaram a lista dos candidatos a membros do Parlamento - apenas 3 (três) dias antes da assinatura do decreto Nº 1705 assinado pelo ex-presidente V. Yushchenko. (Decreto referente ao recebimento da cidadania ukraniana por D. Salamatin, em 06.12.2005 - OK).
As testemunhas desses eventos até observaram, que a pessoa que leu a lista dos candidatos no Congresso, saltou o N° 88, de D. Salamatin, mas, a pedido do patrocinador principal, rapidamente corrigiu-se.
Note-se que, dada a interpretação da "elasticidade" de trato de certas disposições de nossa Constituiçãoo, até mesmo para ser popularmente eleito presidente da Ukraina, não necessariamente será de dez anos de cidadania ukrainiana - é suficiente apenas três dias para indicar o candidato à cidadania com qualquer secreto, ou não tão secreto decreto presidencial.
Novamente, tratando bastante livremente a Constituição e as leis ukrainianas, os membros da Comissão Eleitoral Central (CEC) e os chefes do Partido das Regiões "esqueceram", que, além da residência de cinco anos, há outras condições para a concessão de cidadania. Por exemplo, a presença de fontes existenciais na Ukraina. No caso da documentação de Salamatin, dos documentos da Comissão Eleitoral Central (CEC), vem à tona, que no momento da eleição para o Parlamento ele encontrava-se desempregado. Já depois, no site do Ministério da Defesa aparece o local de trabalho do atual ministro - Conselheiro do Presidente do Congresso Internacional de Mineração de cooperação com Ukraina. Claro, nada de errado que essa organização é, em parte de cidadãos, pois o nosso futuro cidadão e Ministro da Defesa - colaborava com ela nos princípios de cidadania.
É difícil julgar o quanto, o cidadão da FR Dmytro Salamatin era valioso para nosso país. Mas na Rússia ele é realmente valioso, porque no Parlamento ukrainiano, defendendo a honra, a glória e a implantação em Sevastopol, a frota russa do Mar Negro, ocasionou derramamento de sangue, o que é verdade, mas não o seu.
Eu não gostaria de mistificar a cabeça de nossos homens públicos com as nuances de legislação sobre a cidadania, mas lembro, que a pessoa, a qual recebe a cidadania ukrainiana deve declarar, nos próximos dois anos, diante de órgãos competentes, sua retirada da cidadania de outro país.
Qualquer serviço especial invejaria tal presente - obter direitos parlamentares de outro país, não só com acesso ilimitado aos segredos de Estado, mas também com as maravilhosas possibilidades de influir sobre todos e tudo, e depois ainda outorgar-lhe uma posição- chave no país... Bravo!
Rússia como nosso "íntimo amigo" pode apenas regozijar-se com o seu antigo, ou não, ex-compatriota.
Mas, será que se alegrarão os militares ukrainianos com o conhecimento da proposição do Ministro da Defesa D.Salamatin da concepção da reforma do exército?
 
Concepção da reforma ou plano de liquidação
A análise detalhada da concepção da reforma nascida no Ministério da Defesa é uma questão ingrata, porque está repleta de erros, imprecisões, inconsistências e incongruências. Até o mencionado anteriormente por mim o Comitê de Reforma das Forças Armadas, montado às pressas para sua primeira reunião sob a liderança da V. Yanukovych, não apresentou o veredicto sobre as decisões.
No entanto, é preciso prestar atenção a alguns momentos importantes.
Antes de D. Salamatin, ex-cidadão russo, o conceito de reforma do exército era intensamente desenvolvido por outros cidadãos da Ukraina. Para exemplo citarei alguns números da proposição da reforma militar, que foram elaborados pelos ex-ministros da Defesa Yuri Yekhanurov e M. Yezhel.
Os cidadãos da Ukraina Y. Yekhanurov e M. Yezhel propunham estabelecer o número do exército correspondente a 212.160 pessoas, já D.Salamatin propõe reduzir as forças armadas para 100 mil pessoas, das quais apenas 75 mil serão militares.
Na aviação militar D.Salamatin planeja deixar apenas 100 unidades de técnica militar. Y. Yekhanurov previa 600 aeronaves e M. Yezhel 475.
O número de tanques, o cidadão da Rússia, D. Salamatin, planeja diminuir para 270 - de 780 e 620 de Y. Yekhanurov e M. Yezhel respectivamente.
De três corpos do exército de Y. Yekhanurov e dois de M. Yezhel, D.Salamatin propôs não deixar nenhum.
É entendido que nas atuais condições econômicas manter um grande exército é difícil, mas, ainda é mais difícil executar momentaneamente sua redução, removendo para rua um grande número de soldados sem teto, os quais não terão possibilidade de conseguir um novo trabalho, sem formação adequada, para não mencionar as enormes consequências para militares dispensados.
Surge a pergunta, e talvez nosso ministro da Defesa não planeja criar um exército combativo? Provavelmente, bem mais interessante, com pretexto de redução das forças armadas é retirar do complexo combativo a técnica e o armamento, os quais poderão ser facilmente vendidos nos mercados estrangeiros. Pois não foi casualmente que D.Salamatin recentemente tentou abraçar mais um cargo proveitoso que lhe daria possibilidade de manter seu cargo de ministro e ainda controlar o grupo "Ukroboronprom" (consórcio de empresas estatais especializada em exportação de armamento e concessão de diversos serviços na esfera técnico-militar).
Ministro com veia comercial
Precisa dar os devidos créditos a vasta experiência e conhecimento legislativo ao atual ministro da defesa no Parlamento, sem os quais dificilmente D. Salamatin criaria o projeto do dispositivo do Gabinete de Ministros sobre a sua nomeação como membro do conselho de supervisão do grupo "Ukroboronprom"! Não se envergonhando nem um pouco, D. Salamatin encaminhou este documento para verificação do governo porque, talvez considerou, que os membros do Gabinete de Ministros também não estão muito familiarizados com o artigo 120 da Constituição da Ukraina que proibe expressamente aos ministros entrar nos órgãos de fiscalização de empresas. Não seria ruim se as pessoas que pretendem conseguir a cidadania ukrainiana tivessem verificados seus conhecimentos referentes à Constituição do país!
D.Salamatin desde os primeiros dias de sua permanência noMinistério da Defesa fez uma série de declarações, a partir das quais percebe-se, que o que mais lhe interessa nas Forças Armadas é a presença do excesso de bens, os quais podem ser vendidos e as receitas provenientes da venda total direcionar ao aumento do subsídio dos militares. E esta é apenas mais uma das já não executadas promessas do novo ministro. A venda continua, mas os salários não querem subir!
Não tenho dúvidas, que a falta de documentos básicos da reforma do exército não atrapalha ao ministro e seu comando no preparo dos bens militares para venda. Por uma questão de justiça, declaro que à equipe do ministro, que compõe-se principalmente de extranumerários auxiliares e conselheiros, incluindo deputados, participa, até agora somente um, seu vice - antigo colega do "Ukroboronprom" D. Plyatsuk o qual, segundo sua biografia oficial não serviu exército. A esta jovem (33 anos) pessoa D.Salamatin confia tanto que durante suas férias (mesmo com a presença do Primeiro-Vice-Ministro O. Oliynyk) lhe foi confiado fazer toda a defesa do nosso país, como anunciou oficialmente na véspera o governo.
É claro que esta decisão de modo algum está preocupada com o reforço da defesa do Estado, antes de tudo D. Salamatin temeu perder o controle sobre os fluxos financeiros e econômicos - de repente qualquer centavo cai fora na sua ausência.
É entendido que os sentimentos ternos que ele tem ao "Ukroboronprom" plenamente delinear-se-ão na formação do pedido de defesa para 2012, o qual o governo, ainda não aprovou. Então você entende o porquê. A recém-nomeada liderança do Ministério da Defesa precisou do financiamento de diversos projetos. Não vale a pena pensar no questionamento, qual a empresa que receberá a parte leonina de financiamentos, previstos na realização de trabalhos no âmbito de encomendas de defesa estatal. É claramente entendido o consórcio "Ukroboronprom". E considerando que, quase 500 milhões de UAH (62.500.000 USD) para financiamento de encomendas estatais devem vir do fundo especial do orçamento, cujo enchimento este ano é bastante problemático, é óbvio que dinheiro vivo não chegará aos programas AN-70 "Korvet" e projeto para criar um complexo multifuncional foguete.
Em um artigo anterior ("E eu acredito no presidente Yanukovych!" "Dzerkalo Tyzhnia" Nº 45 de 09.12.2011) o autor dessas linhas em detalhe destacou algumas características da realização dos programas dentro do setor das encomendas estatais do ministro anterior M. Yezhel.
Lembro, tratava-se de mísseis S-300 realizado em um dia pela empresa "Ukroboronservice", que faz parte do consórcio "Ukroboronprom". É exatamente do cargo de dirigente desta empresa que D. Plyatsuk veio para o posto de vice-ministro de Defesa. A aparente facilidade com que os funcionários do ministério e gestores "Ukroboronservis" transferiram-se para reparar o sistema de mísseis, faz supor que também este ano eles conseguirão realizar operações análogas.
Prevendo que na alocação de consideráveis recursos para reanimação do submarino "Saporizhzhia", líderes do departamento militar, por quaisquer motivos esqueceram prever no projeto de sua concepção a reforma militar e sua presença na complexidade de combate de futuras forças navais. Se isso acontecer, então não terá que V. Yanukovych responder à questão colocada.
E a Vladimir Putin durante uma conferência de imprensa: "O que aconteceu com o submarino?". A resposta todos sabemos... "Espero que não afunde..."
Os especialistas na área de armas estão maravilhosamente informados, que o armamento utilizado em veículos semelhantes, já a muito não se fabricam.
Obviamente, usando um biombo, para encomenda sigilosa de armamento, além do submarino "Zaporizhzhia", estão incluídos outros programas e serviços, os quais, é duvidoso que um dia serão necessários ao nosso exército, mas nas ofertas de exportação de armas do "Ukroboronprom" eles podem ser encontrados. Mas, por que , então, o governo vai financiar através do Ministério da Defesa programas, que em perspectiva não serão necessários aos militares.
Simplesmente desta maneira as empresas do complexo de armamentos reduzem significativamente parte das despesas na realização de seus programas na modernização e desenvolvimento de novos tipos de armamento.
Devido ao fechamento do tema de encomendas de armamento é duvidoso que no futuro próximo os pagadores de impostos tenham conhecimento quanto ao dinheiro público vai anualmente para as encomendas de armamento para trabalho e pesquisas que às Forças Armadas nunca serão necessários.
No mesmo artigo eu escrevia como o Ministério da Defesa na aquisição de armamentos, no ano passado, consertava, com ajuda das empresas PP "Ostov" (Empresa particular "Ostov") e VAT "Utes" (Sociedade acionária aberta "Utes") a fragata "Hetman Sahaidachnyi" comprando motores na Rússia, através do consórcio "Ukroboronprom". Após longo sofrimento conseguiram instalar com sucesso os motores diesel M849 no flanco do combatente da frota ukrainiana! Há apenas duas nuances. Nos respectivos documentos não há vestígios de representantes militares de aceitação do produto. O segundo problema é que os motores foram apartados do fundo de troca da empresa. Isto significa, que os motores não são muito novos e, talvez usados. Espero que isto, de modo algum, afete a combatividade da fragata.
Só resta responder à pergunta: quem e quanto lucrou no tão planificado acordo de renovação da fragata para combate? E qual a emoção de D. Salamatin, com o qual esta operação iniciava-se, durante sua gestão no "Ukroboronprom", e terminava, quando ele tornou-se ministro da defesa?
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

segunda-feira, 28 de maio de 2012

IDIOMA UCRANIANO EM VIAS DE EXTINÇÃO NA UCRÂNIA

Seja você: firmeza no uso da linguagem permite às pessoas criar o ambiente, e não depender dele.

Tyzhden (Semana), 24.04.2012
Anna Kalynska

A instabilidade linguística é alarmante: se cada ukrainiano mostrar sua "cortesia" para com os usuários do idioma russo, quem, então, usará o idioma ukrainiano?

Nos ensinaram educação. Responder na mesma língua com a qual se dirigem a você, - é de cortesia" - repetiam metodicamente os professores na escola. Nós crescemos muito bem educados e agora, conversando com colegas, amigos e simples passantes, educadamente passamos para sua língua. Como se eles não nos entendessem. E o idioma ukrainiano - é para ocasiões especiais: para alguns é para uso caseiro, para outros - é para as comemorações oficiais. Certamente, qual idioma e com quem falar - é assunto pessoal. Apenas a instabilidade "linguística em todo o país é vista como ameaça: se cada ukrainiano demonstrar sua "polidez" aos russofalantes, quem vai falar em ukrainiano? Até mesmo a educação tem limites.


A alavanca da interrupção.
Oksana Polishchuk, de Zhytomyr, para escolha consciente da língua ukrainiana empurrou seu irmão mais novo. Na época ela frequentava a oitava série e com os colegas comunicava-se exclusivamente em língua russa. A língua natal permanecia apenas para comunicação com os pais e educadores. "Certa vez ouvindo minha conversa com uma amiga, meu irmão disse: "Nós não somos ukrainianos". Eu perguntei por que ele pensa assim. E a criança de 5 anos respondeu: "Porque você e as pessoas na rua conversam em russo". Foi como receber uma pedrada na cabeça" - diz Oksana. Desde então, cada vez que mudava para "universalmente aceita", a menina sentia-se como traidora, então decidiu não o fazer. No início foi difícil, os colegas ficaram admirados e ridicularizavam. Ouvia frases como "Pare de brincar, fale normalmente". "Mas eu recebi apoio dos pais e professores de história e língua ukrainiana. Verdade, até o final da escola mantive o apelido de "gralha branca". "Mas isto já não me preocupava, tinha outros valores e prioridades", diz a atual graduada em Filologia Ukrainiana.
 Anvar Azizov, de Kyiv, tem raízes usbeque-ukrainianas. Cinco anos atrás se atreveu começar a falar exclusivamente em ukrainiano, até mesmo com os pais que falavam em russoo. Planejava a um bom tempo, mas faltava coragem e conhecimento. O pensamento sobre a reação do meio não lhe dava confiança. O rapaz foi passar uma temporada nos Cárpatos, onde havia possibilidade de treinar e adquirir forças. Retornando, ele falou apenas na língua oficial (Infelizmente o atual governo pretende instituir também a língua russa como oficial, e enquanto isso não acontece faz de tudo para destruir a língua ukrainiana: fecha escolas ukrainianas em locais onde há minoria de ukrainianos, diminui as horas-aula da língua ukrainiana, estabelece quotas para músicas ukrainianas, dá apoio às TVs de língua russa, posiciona-se contra dublagem de filmes na língua ukrainiana, etc. - OK) no transporte, nas lojas e mercados, com pessoas na rua. A sua adaptação à língua ukrainiana durou, aproximadamente, três meses, e o mesmo tempo levaram os amigos e a família para adaptar-se ao "novo Anvar". "Estereótipos e hábitos quebram-se. Precisamos monitorar-nos constantemente, para usar automaticamente o idioma ukrainiano em qualquer situação", - desse o jovem. Não sem algumas curiosidades - ele deixou de ser reconhecido como morador da capital. "Um homem, com o qual levei uma conversa no metrô, não acreditou que pode haver uma pessoa em Kyiv, tendo pais e amigos falando em russo, falar em ukrainiano. Ele não conseguia mentalizar que você pode formar o seu ambiente e não depender dele" - disse Anvar.
 Os homens públicos, conhecidos nacionalmente como falantes da língua ukrainiana, em seu tempo também saltavam de um idioma a outro. Irena Karpa, cantora e escritora, visitava frequentemente a vovozinha em Cherkassy, enquanto vivia com os pais em Iaremche. "Eu conheço muito bem esta situação, quando em casa falam ukrainiano, e saindo na rua começam falar em russo", - diz ela. Isto durou até o pai me chamar para uma conversa séria. Levou-me para varanda e disse: "Você pode, na rua, continuar a falar em ukrainiano. Você será entendida. Continue a ser você mesma". A mim, este pedido, então, pareceu muito estranho", - lembra Irena. No início, seguindo o conselho, ela sentia desconforto. Mas já na próxima visita falava somente em ukrainiano. "Isso não me criava nenhum problema. Ao contrário, os pais de minhas amigas começaram me colocar como exemplo" - diz ela.


 
Psicologia do Conformismo

Saltando de língua em língua - de modo algum é educado, considera a sóciolinguista Larissa Masenko. "Nas grandes cidades o formado ambiente de língua russa pressiona. À pessoa parece que se falar no idioma ukrainiano, ela será percebida como uma "gralha branca", - considera a linguista. Seu pai - conhecido poeta ukrainiano Teren Masenko, autor das memórias dos escritores "Renascença Fuzilada", então em sua família dominava a língua ukrainiana, mas, além de suas fronteiras - ambiente de Kyiv russificado. Na adolescência Larissa era mais inclinada à língua russa que ukrainiana. Escolha consciente veio mais tarde.
 Frequentemente, o procedente de famíliai de idioma ukrainiano, por algum tempo perde a resistência linguística, e somente na idade adulta resolve retornar ao uso da única língua pátria, passando por esta transição com dificuldade. Acrescente-se a inadmissível aceitação do meio, amteriormente com o qual comunicava-se em russoo. "A maioria quer se fundir com o ambiente. Eles não tem corageem para se destacar em qualquer forma, especialmente a língua", - considera a analista Boychenko. Além disso, as pessoas procuram conforto, e elas tendem a ser preguiçosas. A formação de novos hábitos linguísticos requer controle permanente sobre o seu próprio discurso.
 Desde o nascimento aos três anos a criança passa, maior parte do tempo com a família. Aqui satisfazem-se suas necessidades básicas e interesses. Além das palavras do idioma "caseiro" o bebê absorve as inerentes idéias, acentuação e adequado estilo de pensamento. "Se o idioma ukrainiano não é específico, se a criança aprendeu-o somente na escola, então ela se acostuma ao idioma somente como idioma de estudo ou comunicação oficial, na comunicação diária usará a língua russa", -= observa Boychenko. A pessoa expressará sentimentos profundos e os receberá apenas com auxílio da linguagem da infância. Segunda - será "língua de comunicação com o mundo", mais informativa e desenvolvida, mas muito menos íntima.
Como explicam os psicólogos, para bilingues a passagem para uma só língua - é implementação de um plano ou propósito de uma meta. "Do ponto de vista psicológico, isso tem um efeito extremamente positivo sobre a pessoa, lhe dá a sensação de sucessoo e a aproximada imaginação do próprio "Eu", - está convicta Boychenko.

 De si para si
Alguém escolhe o idioma russo porque pressupõe que isto promete melhores perspectivas de desenvolvimento ou torna-o mais esperto aos olhos de seu meio. Em contraste a estes pontos de vista Anvar Azizov alegra-se, que a transição para o idioma ukrainiano lhe deu a oportunidade de se comunicar livremente, escrever, criar. Além disso o rapaz parou de usar palavrões. "Ele se tornou mais suave, embora não esteja certo que foi por causa do idioma, - afirma Anvar. A decisão de Azizov foi reforçada com o conecimento de que seu avô, durante a União Soviética defendeu a independência do país e sofreu muito do governo devido às suas opiniões, mas não alquebrou-se. A transição o moço começou com a ukrainização do software do computador, sua biblioteca, e sua criação musical também passou para ukrainiana.
"Quando você vê os deploráveis exemplos de mímicas linguísticas, isso acrescenta segurança. É lógico no país, que se chama Ukraina, falar a língua ukrainiana", afirma Irena Karpa. Ela aconselha procurar exemplos positivos e orientar-se com eles: "Para mim, esta é Kasha Saltsova, que fala em ukrainiano e escreve textos maravilhosos". A cada "Fifi" da vez que declara: "Eu não entendo ukrainiano", - ela responde: "Não tem problema, aprenderás". E o marido da Irena, que é americano, o qual com seu falar ukrainiano frequentemente assombra os russo-falantes, prova: isto é possível e importante.
Atualizar o País
Ninguém concebeu o famoso "quantas línguas você conhece, tantas vezes você é pessoa". No entanto, como enfatiza Larysa Masenko, é necessário distinguir claramente o bilinguismo oficial do atual. "Num país nacional o bilinguismo oficial no nível estatal - é sempre uma situação perigosa por causa da ameaça do cisma do solo correspondente. A maioria dos países europeus formou-se na base de uma língua, criada nos fundamentos culturais e conscientização da população de memória histórica "comum" , - explica a linguista social.
 Estes três componentes obrigatoriamente devem estar presentes na fixação de um Estado Nacional forte. Porquanto nós recebemos um país russificado, é indispensável uma política linguística, que em primeiro lugar protegeria a língua oficial e promoveria a sua disseminação. "A principal tarefa - educar as novas gerações, afastar-se do bilinguismo e, finalmente, através de uma ou duas gerações normalizar a situação", - considera a cientista.
Para nosso país é importante uma massa crítica de pessoas de língua ukrainiana às quais é natural a estabilidade "linguística". "Então preserva-se a língua", - resume Masenko. Além do mais, isso a protege da erosão de normas e transformação em dialeto. O constante saltitar de um idioma para outro quebra o "código" normal da transição e faz das duas uma mistura.
 "Idioma é uma arma terrível. O fato de falar em ukrainiano, você já faz um protesto ao governo dos vilões", julga Irena Karpa. Em sua opinião, enquanto nossos compatriotas, aos poucos, passarem para o idioma ukrainiano, é necessário criar novos mitos. "Minha amiga viaja muito. Todos se surpreendem como a "moça de Kyiv" fala em ukrainiano. E ela lhes explica: "Sabe, todos de Kyiv, de raiz, usam a língua ukrainiana, e se alguém fala em russo, então imediatamente se percebe que ele não é de Kyiv", - diz a escritora. Ser melhor - é sempre ser outro. E isto é sempre mais difícil - fazer algo, que os circundantes podem não compreender. Basta decidir para si mesmo, o que você almeja: ser como a maioria, ou ser você mesmo.
Vadym Krasnookyi, cantor e lider do grupo "Mad Heads XL".
Os ukrainianos devem, finalmente devem compreender, que o idioma - é o nosso recurso estratégico, não menos importante que o gás ou o petróleo. Que o uso de outra língua paga-se, mesmo no dia a dia, se bem que isto não é observado imediatamente. Mas, no nível da nação e país é imediatamente perceptível. Portanto, ter o próprio idioma, própria cultura, espaço informativo é necessário até desde os menores raciocínios mercantis. Isso não significa que devemos, estupidamente negar todas as outras, mas, desenvolvendo a própria, estaremos nos enriquecendo e avançando muito mais rapidamente e mais efetivamente. Conversar no idioma pátrio singnifica estabeler liames com nossos antepassados, alimentar-nos com seus conhecimentos, experiências e sentimentos. Eu, por um bom tempo pulava da língua russa para ukrainiana fixando-me, definitivamente, na ukrainiana, já em idade adulta. No início era interessante fazer isso, experimentar-me. Estava ciente, que me expunha para mal entendidos por tal ato, por muitas pessoas. Certo, que muitos ukrainianos farão como eu, porque não se dispõem a viver com maior simplicidade. Se Ukraina realizar-se como um Estado moderno de tipo europeu, aqui praticamente todos falarão no idioma ukrainiano. Este é o meu sonho, e para que se torne realidade, eu tento vivê-lo desde hoje.
Oleksandr Polozhynskyi, criador e cantor do grupo "Tartak".
Eu tenho experiência de permanência em ambiente totalmente não-ukrainiano durante estudos em uma escola militar em Lviv. Lá ocorria o processo oficial de russificação, e mesmo no nome estava fixado, que lá havia "fortalecido estudo do idioma russo". Bem entendido, a comunicação e o ensino realizavam-se em russo. E até depois, quando saí de lá, o último ano estudava na escola civil, mas também russa, para não precisar me acostumar novamente à exposição em ukrainiano. Por isso, por um longo tempo, até no dia a dia falava em russo. E o processo de retorno à língua pátria, era muito pesado para mim. Mas eu fiz a escolha. O idioma ukrainiano precisa saber, entender e respeitar na Ukraina, porque este é um dos principais elementos da nação e seus processos de construção. Na verdade, se você é etnicamente ukrainiano, selvagemente seria não conversar em seu idioma sob qualquer pretexto. Afinal, o idioma é o indício de sua nacionalidade.
Oleksandr Yarmola, fundador e líder do grupo "Haydamaky".
Falar em ukrainiano é preciso primeiramente porque nós vivemos na Ukraina, e não em algum lugar não definido. E isso é absolutamente lógico e certo dominar a língua oficial. Mais importante ainda é nós nos comunicarmos com ela. Na verdade o principal senso seria, que a maioria das pessoas simplesmente se recusasse do estratégico aproveitamento do russo. Esta é uma questão de dignidade.
Oleksandra Koltsova (pseudônimo Kasha Saltsova), cantora, compositora, ecologista... grupo "Krykhitka".
Não precisa fazer façanha com o conhecimento da língua pátria - isto por definição deve ser assim. E quaisquer definições sobre o assunto simplesmente são irrelevantes. Você vive na Ukraina, onde existe o idioma ukrainiano, então comunique-se com ele. O problema é que agora no ciberespaço a atenção é com a cultura, digamos assim, por mais tempo desenvolvida e promovida (os séculos de domínio czarista e soviético deixaram as suas marcas - OK). Portanto, vão pela maneira mais fácil. São poucas as pessoas que podem rapidamente nomear cinco ou seis obras importantes do mundo ukrainiano comparáveis ao russo ou mundiais. Então é preciso divulgar o domínio da literatura ukrainiana entre os próprios ukrainianos, porque com o idioma está tudo bem, ele é conhecido por quase todos que residem aqui. Problema de linguagem - é questão de educação deficiente, especulação sobre pessoas com nível não muito elevado de consciência. Aqueles que argumentam que na Ukraina já domina a língua russa protegem somente sua ignorância pessoal. Sua agressividade é totalmente natural: as pessoas justificam, antes de mais nada, sua falta de vontade de aprender. Eu, como etnicamente russa, sinto-me maravilhosamente bem na Ukraina exatamente porque falo em ukrainiano, e, assim conecto-me ao código cultural local.
Serhii Fomenko (pseudônimo "Foma"), grupo "Mandry".
 Falar no idioma uklrainiano é simplesmente agradável, e não deve estar como "Necessário". Eu, até 23 anos quase não o usava, mas depois compreendi que este é o meu idioma. Curiosamente, alguns conhecidos dos velhos tempos ainda dizem: "O atual Foma não é verdadeiro, porque falava e escrevia canções em russo". Muitas pessoas no início, quando eu adotei o idioma ukrainiano, troçavam de mim, porque eu ainda não sabia falar com o lindo idioma literário, não conhecia muitas palavras e suas combinações. Embora tivesse na escola boas notas da língua e literatura. Mas passo a passo alcancei o meu objetivo. Isto, absolutamente, não é difícil.
Tradução: Oksana Kowaltschuk

sábado, 26 de maio de 2012

POLICIAIS LEVANTAM FUNDOS PRÓ LUTSENKO

Policiais honestos retornam ao Ministério do Interior os fundos pelas flores presenteadas por Lutsenko
Vysokui Zamok (Castelo Alto), 27.04.201
Ivan Farion

Juízes, promotores deveriam queimar de vergonha...

Um ato verdadeiramente de oficiais praticaram antigos ex-funcionários do Ministério de Assuntos Internos, os quais consideram ilegal a sentença ao ex-chefe Yurii Lutsenko. Eles reuniram entre si 644 mil UAH (80 mil USD) - quantia com a qual Lutsenko teria causado danos ao país, organizando em 2008-2009 comemorações no palácio "Ukraina" o Dia da Polícia. Os fundos doados foram transferidos para a conta do Ministério do Interior no Ministério da Fazenda do Estado. O golpe do governo sobre o ex-ministro os honestos policiais assumiram como seu. É uma revelação sem precedentes de posição cidadã.
De acordo com as palavras do presidente do grupo de iniciativa, coronel-general Volodymyr Evdokymov (na foto) o qual trabalhou como vice-primeiro-ministro de Lutsenko, os fundos enviavam de toda a Ukraina. Cópias dos recibos de pagamento e uma carta assinada por veteranos do Ministério foi entregue ao Tribunal de Apelação de Kyiv, Ministério do Interior, Tesouro de Estado e advogados de Lutsenko.

Os ex-policiais acreditam como cinismo a acusação do governo, de desvio de fundos públicos por Lutsenko. Afinal ele usou-os nas celebrações para àqueles que diariamente arriscam suas vidas no confronto com bandidos, na compra de flores para viúvas dos membros falecidos, e prêmios a policiais merecedores. E também na recepçção aos convidados do exterior. Muitos daqueles, que estiveram nas celebrações no palácio "Ukraina", como sinal de gratidão pela revelada atenção do lado de Lutsenko, resolveram compensar os custos ao país, os quais procuradores e juízes denominaram "perda".

Comentário de Larysa Sarhan, secretária de imprensa do partido "Autodefesa Popular":
A esposa de Yurii Lutsenko, Iryna Stepanivna, está comovida com este ato de verdadeiros policiais, veteranos do Ministério do Interior, e aqueles que agora estão na ativa, mas não tiveram medo de expressar sua posição cidadã. Ela é grata a todos eles. Em apoio ao ex-ministro davam o que podiam - sem nenhuma indução. Até mesmo o endereço de nosso escritório (embora nós não tenhamos nada com isso) recebeu muitas cartas, cujos autores perguntavam, aonde poderiam enviar fundos para reembolsar por Lutsenko o "dano causado".
É gratificante verificar que em nosso país ainda restam policiais honestos, diferentes daqueles que amaciam os músculos das pessoas durante as manifestações da oposição...

Os generais que iniciaram a arrecadação de fundos, disseram, que ao seu chamado enviavam diversas quantias - alguém 14 USD, alguém 25. Alguém deu sua pensão mensal, alguém no conselho da família decidiu compartilhar suas economias (dizem que transferiram até 2.500 USD). Estas pessoas agiram corajosamente, com grande risco, porque na transferência de fundos era preciso indicar sua procedência. Para aqueles, que usam divisas, isso, concordem, é perigoso. Alguns traziam dinheiro em espécie, e pediam para não informar seu nome - receando represálias...


Tradução: Oksana Kowaltschuk
 

quinta-feira, 24 de maio de 2012

A UCRÂNIA PRECISA DA UNIÃO EUROPÉIA?

São necessários: Ukraina e União Européia um ao outro?
Tyzhden (Semana), 26.04.2012
Leonidas Donskis, deputado da UE, lituano. Filósofo, cientista e comentarista político, analista social.

"É melhor ser o elo mais fraco da UE e OTAN do que "estrela" dos satélites russos.

O título de minha coluna dificilmente prepara o leitor para outro assunto qualquer, exceto pura retórica. Ukraina precisa da UE? Muito simples: certamente, sim. Em seguida, a próxima pergunta: em caso afirmativo, então quanto Ukraina é necessária a UE? Hoje a União Européia precisa da Ukraina mais do que nunca.

Lembro, como um conhecido político russo, ensaísta e comentarista Andrei Piontkovskiy certa vez comentou sobre adesão da Ukraina a OTAN e à UE como uma oportunidade existencial para o Ocidente. Nos talk shows da TV lituana, onde eu era o apresentador, ele claramente deu a compreender que, a entrada da Ukraina na UE poderia mudar a Rússia para sempre.

De fato, ele argumentou que tal passo poderia curar em definitivo a FR de sua obsessão de discussões políticas e rivalidade civilizacional com Europa Ocidental e América do Norte, principalmente Estados Unidos. Rússia não pode ser um jogador global e adversário do Ocidente sem Ukraina como um país satélite ou, em melhor caso um parceiro estratégico. Além disso, a adesão do Estado ukrainiano ao mundo ocidental forçaria a FR posicionar-se em um caminho análogo.

Podemos dizer que a adesão da Ukraina à UE e a OTAN poderia muito bem assinalar uma mudança fundamental na política mundial. Tal evento marcaria o início de uma nova era na Europa Oriental e final da fase bizantina na história da Rússia.

Dada a ambição e clareza de seus comentários, Piontkovskiy não levou em conta, em minha opinião, um aspecto chave. Quanto mais a Ukraina tornar-se pró-russa, mais forte será o argumento da FR de Putin como possível alternativa à UE. A única condição, que torna possível essa fantasia geopolítica, - é a presença da Ukraina em uma ou outra forma, até em aliança econômica e política antieuropéia liderada pela Rússia.

Se esse cenário falhar, a Rússia deverá procurar possibilidades de aproximação com o Ocidente, até mesmo reconciliaçãoo com a Polônia e os Estados Bálticos. A Ukraina neste caso, será incluída à categoria de elo mais fraco da UE e OTAN, com a qual lhe é indispensável encontrar compromisso.

Não penso que tal estado iria prejudicar as ambições políticas e regionais da Ukraina, porquanto é mil vezes melhor ser elo mais fraco da UE e OTAN, que "estrela" do mundo dos satélites russos.

Para Rússia é particularmente importante o fato, que ela, neste caso, pode permanecer na encruzilhada. Ela terá que decidir, se vai se unir a Ukraina na união de novos países democráticos europeus, graças ao que seria, senão um membro, então, pelo menos um parceiro estratégico da UE e EUA, ou continuar tentando manter os mais desmoronados e tirânicos países como a Bielorrússia ou Ásia Central. Com o desenvolvimento do primeiro cenário o mundo poderia se tornar mais seguro e previsível.

Mas chega de geopolítica e segurança. Ukraina ganharia significativamente no Estado de Direito, na democracia, nos valores e direitos. A UE, de modo algum pode ser vista como um potencial doador e promissor investidor. Igualmente importante é o fato de que a UE estabelece o padrão de avaliação na política. Permanece a esperança, que ela ajudaria a Ukraina recuperar-se de justiça seletiva, para não mencionar a corrupção.

Eu não sonho ou irresponsavelmente proponho imagens inatingíveis. Na Lituânia vimos o quanto é possível adotar a visão européia da democracia liberal, proteção aos direitos da pessoa e conceitos modernos de moral e política. Para ser honesto, ainda temos muito a fazer para alcançar o nível de transparência e proteção aos direitos humanos que existem nos países do norte europeu. Nós não somos melhores que outras nações, as quais por dezenas de anos foram isoladas da Europa. Portanto, como uma aliança política de democracia e valores a UE propõe um modelo melhor de defesa dos direitos da pessooa e políticas democráticas.

O que não é menos importante, UE também se beneficiaria consideravelmente com a entrada da Ukraina. Esta, sempre foi e é, apesar de algumas tendências negativas na política, líder indiscutível do programa da Parceria Oriental da UE. Ela, afinal deve conduzir o país à parceria estratégica com UE, o que pode acelerar e incentivar a mudança política na Rússia pois determinará a política ukrainiana no futuro próximo. Quanto a UE tal passo significaria não menos que o triunfo da democracia na Europa.

Nenhum outro país se pode igualar com Ukraina no papel de ponte entre Europa Oriental e Central. Se ela escolher claramente a UE e a OTAN como um valor político e o principal objetivo, isso pode se tornar um ponto de viragem na história da Europa Oriental. Neste caso um dos maiores dos seus Estados-Membros determinará a política européia com dezenas de anos de antecedência e fortalecera em muito a posição da Polônia e dos países bálticos e europeus.

Com uma impressionante herança multicultural a Ukraina pode pavimentar o caminho à liberdade e vida européia para outros países. Algo me diz, que isto colocará fim ao cisma da Europa e graves consequências da II Guerra Mundial.

Tradução: Oksana Kowaltschuk
 

terça-feira, 22 de maio de 2012

PARLAMENTO UCRANIANO: RESPEITO E BONS MODOS

Você quer ver como funciona o parlamento na Ucrânia? O tratamento entre os parlamentares é sempre "respeitoso" e "carinhoso" como se pode ver neste vídeoclipe. Herança de 75 anos de regime comuno-socialista.

O Cossaco

domingo, 20 de maio de 2012

YANUKOVYCH EM PROCESSO DE ISOLAMENTO INTERNACIONAL

Ao invés de um sonoro casamento - uma festa modesta

Vysokyi Zamok (Castelo Alto) 07.05.2012
Ivan Farion

O presidente da Ukraina confrontou-se com uma obstrução sem precedentes do lado de seus colegas europeus. No momento da edição deste jornal, pelo menos 12 chefes de Estado recusaram-se à primeira pessoa da Ukraina no comparecimento da XVIII Cúpula de Presidentes da Europa Central e Oriental, que deve realizar-se nos dias 11-12 de maio em Yalta. As explicações são várias, mas na Bankova entendem bem a principal recusa: os ilustres convidados não querem ir à Criméia devido a políticas não-democráticas de Yanukovych. O principal fato dessa política - prisão do líder oposicionista.

Ao convite de V. Yanukovych para Criméia fizeram ouvidos moucos os líderes da Alemanha, Itália, República Checa, Áustria, Eslovênia, Estônia, Croácia, Letônia, Bulgaria e Hungria. Em grandes dúvidas estão os líderes da Lituânia, Macedônia e Montenegro. O presidente da Polônia virá - mas, afim de, como ele admitiu, "sugerir ao lado ukrainiano que resolva seus problemas internos". Confirmaram também sua presença os líderes da Eslováquia e da Moldávia que, devido a grande dependência do mais próximo vizinho, não podem quebrar os potes com ele. Então, se chamarmos os bois pelos nomes - completo fiasco...

Segundo "Ukrainska Pravda, de 08.05.2012, o governo ukrainiano transferiu a 18ª Cúpula de países da Europa Central e Oriental, visto que muitos países estão "impossibilitados" de comparecer nos dias de 11 e 12 de maio. Não foi marcada outra data.

Outra demonstração semelhante, os presidentes europeus, primeiros-ministros, presidentes de missões importantes, preparam para Yanukovych dentro de um mês, quando do início de Euro 2012. A maioria das pessoas já declarou que, apesar de seu grande anor pelo futebol e pelas equipes nacionais, não virão a Ukraina. Pela mesma razão - porque as autoridades na Ukraina não respeitam a democracia, a qual para o Ocidente é santa entre os santos. Como escreveu a britânica The Guardian, no camarote presidencial do "Olympic" de Kyiv, onde será o jogo final de Euro 2012, estão reservados 54 lugares para convidados europeus altamente posicionados, mas Yanukovych, provavelmente vai assistir ao jogo final sozinho. De acordo com o autor deste artigo, "para o presidente Yanukovych o Euro 2012 era uma grande oportunidade apresentar Ukraina ao mundo, como atual, pacífico, pluralista e direcionado país à entrada na UE, com rica história e cultura. Em vez disso, o governo tem todas as chances de obter um completo desastre nas relações com outros países. Solidário com essa posição também o ex-embaixador alemão na Ukraina Dietmar Stuedemann. Sobre a aberta crítica aos altos dirigentes ukrainianos pelos líderes ocidentais, ele escreveu: "Isto é catastrófico. Eu não sei, como Ukraina vai sair dessa..."



Enquanto isso...

Sobre o isolamento internacional em grande escala, de V. Yanukovych, testemunha a falta de convite para a posse do recém-eleito presidente russo Vladimir Putin. Em vez do presidente Yanukovych representará Ukraina neste evento o Extraordinário e Plenipotenciário Embaixador na Federação Russa Volodymyr Yelchenko.

Serhiy Taran, diretor do Instituto Internacional para Democracia: "Tudo se desenvolve de forma natural e prevista. Quando há perseguição à oposição, violação das normas democráticas, o mau líder na comunidade européia será isolado. Isso aconteceu com Lukashenko, e em seu tempo, com a emergência do "caso Gongadze" aconteceu com Kuchma. Agora, está acontecendo com Yanukovych - somente em vez de Gongadze ressoa o nome Tymoshenko. Tudo - previsível! Apenas me surpreende que tal percepção não têm as pessoas da Bankova. Pois desde o princípio da pressão sobre a oposição ficou claro, como isso vai terminar, quais os passos dará em resposta o Ocidente, que sanções virão no futuro. Yanukovych não sabe analisar e prever o desenvolvimento da situaçãoo, não entende os processos que ocorrem no mundo".

Resumo das notícias dos últimos dias do Jornal "Ukrainska Pravda".

Oleksiy Kaida, presidente do Conselho da Província de Ternopil proibiu o uso, em 9 de maio, na comemoração ao "Dia da Vitória" dos símbolos da União Soviética e símbolos dos comunistas e nazistas.

Em 26 de abril, os deputados do Conselho de Lviv também proibiram o uso dos símbolos da União Soviética, símbolos comunistas e nazistas nas cidades da Província. No entanto, a justiça por ordem do procurador, colocou-se contrária à decisão do Conselho de Lviv.

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Tymoshenko pede a seus apoiadores para parar com a greve de fome, e, aos líderes políticos do mundo ajudar os ukrainianos no confronto com o governo.

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Vadym Karasiov, cientista político, disse que a prontidão da Rússia para tratar Tymoshenko significa que o governo russo não tem intenção de rever os preços do gás que Ukraina reivindica.

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A Alemanha protege não apenas Tymoshenko, mas toda a oposição. O governo alemão espera que Ukraina respeite os direitos da oposição em geral, não só a situação da prisioneira ex-primeira-ministra.

Sobre isso falou o Ministro dos Assuntos Internos da Alemanha Hans-Peter Friedrich em entrevista ao jornal Bild am Sonntag, em 05 de maio.

O ministro saudou a declaração do boicote ao "Euro 2012", mas o líder da oposição social-democrata Frank-Walter Steinmeier se opõe à idéia de boicote.

Angela Merkel já declarou que, mesmo a Alemanha disputando o jogo final em Kyiv, ela não irá se a situação na Ukraina continuar como está.

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No dia 07.05 chegou a Kharkiv o médico alemão Lutz Hams para, em conjunto com os médicos ukrainianos iniciar o tratamento da Tymoshenko. Ela pediu para decidir no dia 09, porque deseja conversar antes com seus advogados. O tratamento deve realizar-se no Hospital da Estrada de Ferro da Ukraina.

Segundo declarações da filha Yevhenia, Tymoshenko perdeu aproximadamente 10 kg devido a greve de fome de 20 dias. E, segundo a filha ela concorda com sua transferência ao hospital desde que seu tratamento seja realizado pelo neurologista Lutz Hams.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

O ESPECTRO DA KGB MIRIM

Por Leonardo Bruno
A vida social necessita de atos disciplinadores de conduta. E isso começa pela própria família, com a noção de educação, hierarquia e ordem que os pais devem estabelecer para os atos dos filhos. Dentro dessa função educacional, óbvio que existirá sanções e punições. Daí por que os pais dão umas palmadas nos filhos indisciplinados e teimosos. Para que eles reconheçam, desde a mais tenra idade, os seus limites. Não quer dizer necessariamente que os castigos sejam totalmente justos. Às vezes os pais agem com justiça e outras vezes não. No entanto, nem por isso é razão para colocá-los na cadeia.

Aliás, como diria o provérbio, a porrada não é santa, mas faz milagres. Pode-se perfeitamente apanhar em casa, para depois não apanhar da polícia ou do Estado. Quantas pessoas não são marginais, criminosas, egoístas ou delinquentes por uma boa falta de pancadas na infância? Uma criança que rouba, que bate em outra criança, que mente ou que age como vândalo, de alguma forma merece ser coibida. E se possível, através de castigos físicos. Não há nada fora do normal nisso. A sociedade também tem seus mecanismos de coibição física. Por acaso a polícia vai passar a mão na cabeça dos bandidos? Os criminosos que vão para a cadeia não sofrem violência do Estado quando perdem sua liberdade? Então por que uma criança não pode aprender, em casa, a própria noção dos limites que aprende na sociedade?

Entretanto, o Estado de Direito caminha para uma ditadura cultural nas leis e nos costumes, ainda que preserve a aparência formal de democracia. A chamada PL – 7670/2010, ou a “lei da palmada”, proposta pelo governo federal e adocicada por picaretas notáveis, como as deputadas Teresa Surita e Maria do Rosário, visando medidas punitivas para pais que dão palmadas nos filhos, lembra-me a figura de Pavlik Morozov, o garoto soviético que delatou o pai para a GPU-NKVD, uma das nomenclaturas da polícia política na época de Stálin. A cultura de delação é a mesma. Mudam-se tão somente os pretextos ideológicos. Antigamente era a “defesa da revolução” contra os “inimigos do povo”. Agora são os “direitos humanos”, com a delação em massa dos pais “agressores”, pelo simples fato de darem umas palmadas nos garotos levados.

Pavlik Morozov nasceu na época da guerra civil russa, em 1918. Em 1932, Stálin jogou a GPU-NKVD e o exército vermelho numa outra grande guerra civil pela coletivização forçada da agricultura contra os camponeses ucranianos. Morozov era filho de um pequeno fazendeiro que queria esconder os seus víveres para sobreviver, já que a polícia política estava fazendo uma campanha de confisco de alimentos, para sujeitar o campesinato à fome. Todavia, o garoto, que frequentava a escola controlada pelo Partido Comunista, começou a fanatizar-se com o discurso bolchevista e delatou a família, em particular, o pai, que escondia seus mantimentos do governo. Contudo, a história tem o um desfecho macabro: o pai, desesperado pelo fato de o filho tê-lo denunciado, mata-o. A polícia política descobrira o crime e mandou deportar o pai para os campos da Sibéria.

A história trágica acabou por virar uma propaganda de santificação e doutrinação ideológica dos jovens nas escolas, quando Pavlik Morozov virou o modelo-padrão da criança soviética, que em nome da causa revolucionária, era capaz de delatar os pais para a polícia. Músicas, composições, poemas, teatro eram produzidos para louvar a traidor-mirim, elevado a modelo cultuado pelo Partido-Estado. Inclusive, associações de escoteiros foram criadas com o nome de Pavlik Morozov, que recebeu uma homenagem póstuma como um “herói soviético”. Em outras palavras, a União Soviética quis estatizar a alma das crianças, transformá-las numa seção do NKVD ou da KGB contra os pais dissidentes. Ainda no século XIX, como diria antes o terrorista Nechiaev, pai espiritual do populismo russo e do bolchevismo, a família, a amizade, as tradições, o país e a religião deveriam ser odiados pelo único amor digno de nome: a revolução. Anos depois, com a revolução totalitária soviética, o amor foi prolongado: se antes era só pela revolução, agora virou também o amor total e incondicional pelo Partido-Estado. As crianças deveriam sacralizar o demônio estatal, odiando e traindo os seus pais e familiares.
  
Depois da queda do Muro de Berlim, alguns historiadores tentaram investigar a história de Pavlik Morozov. E descobriu-se que tudo fora inventado pelo NKVD e que a verdadeira história poderia ser confirmada. Estaríamos aí numa das grandes mentiras comunistas da história.
Aliás, a denúncia de filhos contra pais e a prisão em massa de milhões de pessoas pela ditadura stalinista causaram um fenômeno gravíssimo na Rússia soviética: a leva de crianças abandonadas, chamadas “besprizornye”, espalhadas pelas cidades e campos. Muitos desses menores viravam bandidos e criminosos. Os orfanatos criados pelo Estado para resolver esse problema eram verdadeiros depósitos humanos dos filhos dos chamados “inimigos do povo”. Tratadas em condições sub-humanas, muitas dessas crianças morriam. A lógica soviética também foi aplicada na Alemanha Nazista e ainda vigora em outros sistemas totalitários, como Cuba, Coréia do Norte, China e Vietnã. A primazia do Estado sobre a educação das crianças instrumentaliza o terror generalizado da polícia política no ambiente familiar e o destrói.
A “lei das palmadas”, como a doutrinação ideológica camuflada de “campanhas educativas” ou “currículos escolares”, não são formas de criar mecanismos de delação de filhos contra pais? No afã de supostamente proteger os filhos contra os pais, na verdade, o Estado joga uns contra outros. Os pais não terão o direito de disciplinar ou educar os filhos: estes serão a extensão da ideologia dos professores, do Conselho Tutelar, do Ministério Público, em suma, do próprio Estado, que usurpa as funções que não lhes são propícias. As crianças, induzidas a crerem que os pais são potencialmente criminosos, serão sugestionadas a policiá-los ou até a denunciá-los, já que a reprimenda ou o castigo podem ser desforrados pelo filho birrento e mal criado. É o “narodny komissariat,” o “comissário do povo” moderno usando os filhos dos outros como espiões e olheiros da vida alheia. Na prática, a lei estimula a perversão de desmoralizar a autoridade dos pais e superdimensiona a autoridade das crianças, invertendo as hierarquias e colocando os pais numa situação de completa chantagem. E quem tomará conta dessas hierarquias? São as próprias crianças imaturas? Não, serão os burocratas, agora elevados a paizões usurpadores dos pais verdadeiros!
Na verdade, uma das más intenções do Estado é o de criar menores sem limites, sem respeito à autoridade da família e dos pais, sem referência a qualquer princípio moral, sendo doutrinadas a terem “direitos”, ignorando os direitos e limites alheios, e idolatrando o Estado como uma espécie abstrata de “pai” e “mãe” protetores. Obviamente, o vazio moral deixado pelos pais será substituído pela engenharia social dos educadores, que querem injetar toda a sorte de cultura politicamente correta nas crianças, desde a ideologia de sexualidade promíscua e gay até a neurotização imbecilizante da linguagem e do raciocínio. Essa legião de pequenos Hitlers e Stálins da sociedade, em nome da exigência mimada de direitos ilimitados, serão os grandes tiranos da fase adulta, marginais, egocêntricos, desajustados, psicopatas, criminosos e drogados. Ou mais, serão a massa de manobra das tiranias maiores dos políticos e da burocracia estatal.
Alguém duvida que as causas da violência estejam no enfraquecimento da autoridade dos pais e da disciplina familiar que educa e limita os ímpetos? Alguém duvida que a tentativa de alimentar a noção ilimitada de “direitos”, praticada pelo Estado, é uma forma de isentar os cidadãos, desde a mais tenra idade, de assumir os deveres éticos interiores exigidos às mentes maduras? Ou mais, a tentativa de burocratizar mais ainda a vida civil, retirando das famílias o poder de educar e proteger os seus próprios filhos da sanha dominadora do Estado?
A lei da palmada é a tentativa de prolongar eternamente a infância das crianças, desprovendo-as de limites e nortes éticos que as façam crescerem. Quando o governo intervém, querendo mimar até os caprichos infames dos infantes contra os adultos, demonstra-se a sua intenção de prolongar o infantilismo moral e a cultura de dependência, reduzindo os cidadãos em meros bezerrinhos domáveis pela engenharia social e pela classe política. Ou na pior das hipóteses, uma exigência espúria de falsos direitos, que significa a perda completa de direitos, que são os da liberdade e dos laços privados da família. Sob o preço, inclusive, de trair a própria família.
Do blog Conde Loppeux de la Villanueva.

terça-feira, 15 de maio de 2012

A TERCEIRA FOME ARTIFICIAL NA UCRÂNIA: 1946

Fome de 1946 - terceira fome artificial na Ukraina
Tyzhden (Semana), 26.11.2011
Serhii Hrabovskyi

O primeiro Holodomor (morte pela fome) aconteceu na Ukraina de 1921 até meados de 1923. Motivos: "comunismo de guerra"; Primeira Guerra Mundial e Guerra Civil; destruição da base material da agricultura devido à seca extremamente severa que causou a perda de colheitas em 1921 e 1922. A fome abarcou 21 comarcas da Ukraina. No entanto, Ukraina continuou o envio de comboios de alimentos para Rússia. O mundo inteiro tinha conhecimento da ocorrência da fome na região do Volga, enquanto sobre a fome na Ukraina silenciava-se. Somente, a partir de meados de 1922 a população faminta da Ukraina começou receber auxílio da Administração Americana de Ajuda. O governo (russo) introduziu o sistema de "rações da fome". (Tributação especial de empresas e organizações), começou a remoção e venda no exterior de propriedades de museus e igrejas. A fome foi debelada somente em meados de 1923 - muito depois que nas regiões famintas da Rússia. Durante o período da fome morreram cerca de um milhão de pessoas.
Sobre o Holodomor, segunda terrível fome na Ukraina em 1932-1933, leia neste blog:
http://noticiasdaucrania.blogspot.com.br/2011/06/integracao-do-holodomor-com-memoria.html

A fome de 1946 colocou milhões de ukrainianos no altar da "guerra-fria".
No século XX Ukraina atravessou três períodos de fome em massa. E todas as três vezes, a fome foi consequência da política estratégica do partido e táticas de Kremlin.

Não só no pós-soviético, mas também no mundo ocidental, até hoje sobrevive o mito de que o discurso de Winston Churchil, em 05.03.1946, em Westminster College, na cidade de Fulton, Missouri, provocou o início da Guerra Fria. Bem, a máquina de propaganda bolchevique tem todo o direito de estar orgulhosa de si no outro mundo, porque tantos anos se passaram e o transformado em "pura verdade", o contra-senso vive e não pensa em morrer.

Porque, basta pensar quem era Churchil naquela época - político afastado, líder de partido derrotado nas eleições do ano anterior, idoso, gorducho, sem nenhuma chance de retornar à direção da Grã-Bretanha - para entender o absurdo desta mitologia.


Churchil nada podia "declarar", não tinha autoridade para dispor sobre o destino do planeta, ele só podia expressar pensamentos privados. E ele disse - em resposta ao discurso de Stalin aos "eleitores" (isto é, à nomenclatura) de seu distrito eleitoral em Moscou, em 9 de fevereiro de 1946. E foi exatamente este discurso que realmente marcou o início da "Guerra Fria".

"O fato é que a ordem social soviética é mais viável e estável, que a ordem social não soviética, que a comunidade soviética é a melhor forma de organização comunitária, que qualquer comunidade não soviética" - assim declarou Stalin. Então, quem não quer aprender com a experiência de organização social é inimigo do progresso. O que fazem os inimigos do progresso? Mas a mesma coisa que os inimigos do povo, apenas em escala maior". Prosseguindo, Stalin descreveu com detalhes quais as áreas da economia soviética que deveriam ser atendidas em primeiro lugar, como as que proviam o exército, isto é, a indústria pesada para competir com o mundo todo. Tratava-se de "aço" para garantir as agressões bolcheviques. Por sua vez, o discurso de Churchil centrava-se na paz. Churchil tinha por foco o estabelecimento da democracia global, todos os meios necessários para resistir à agressão e ofensiva ditatorial.

Em outras palavras, a iniciativa da "Guerra Fria" estava do lado de Stalin, especialmente no Ocidente ele tinha o suficiente de simpatizantes, comunistas e socialistas da esquerda entravam para os governos de vários países europeus, e onde havia exército soviético constituiam-se regimes inteiramente dependentes de Moscou. Mas, somente com palavras e tanques afirmar a idéia bolchevique era impossível. Então, um dos principais meios para alcançar o sucesso, nesta questão, era para ser (e foi) a ajuda soviética em grande escala, com gêneros alimentícios, para Europa do pós-guerra. Por exemplo, em fevereiro de 1946 em Moscou assinaram o acordo polaco-soviético de fornecimento à Polônia de 200 mil toneladas de grãos para a semeadura da primavera. Em abril de 1946 assinaram acordo para fornecimento a França (França, naquele tempo, era efetivamente controlada por socialistas e comunistas) 500 mil toneladas de grãos. Na verdade, a palavra "Ajuda" deve ser colocada entre aspas, porque tratava-se de uma brutal política tecnológica, como diriam hoje. Porque, a fim de conquistar o coração dos franceses e levá-los a votar nas eleições para os comunistas, o "generoso" Stalin estava pronto levar à morte pela fome milhões de camponeses sujeitos a ele, tirando-lhes o último pedaço de pão. E assim aconteceu.


Ukraina crucificada
No primeiro ano da "guerra fria" aconteceu uma desagradável surpresa para Stalin. Naquele ano de 1946 a natureza da União Soviética colocou-se do lado dos imperialistas - seca, quebra de safra. Mas modificar os seus planos estratégicos Kremlin não pretendia. Porque os bolcheviques não se acostumaram retroceder diante das dificuldades e moral para eles sempre foi apenas o que servia para vitória do comunismo.

A principal cabeça-de-ponte de ofensiva da Europa, pelos planos de Stalin, devia ser Ukraina. Isso é compreensível - terra fertil, e milhões de campesinos, cujo amor e dedicação à terra não esgotaram os "kolkhozys", e localização geográfica - pode-se exportar o trigo tanto por vias férreas, quanto pelos portos. E ao fato que após a II Guerra Mundial a agricultura na Ukraina estava em ruínas, o governo não considerou - não é o caso, vão superar, nada de se acostumar! Mas aconteceu de outro modo.

A ruína não foi acidental: como os bolcheviques, também os nazistas durante a guerra utilizaram a mesma tática de "terra queimada". Como resultado foram destruídos cerca de 30 mil "kolkhozys", fazendas estatais, praticamente não havia mais tratores ou "combines", drasticamente reduziu-se o gado. Restaram apenas 30% de cavalos, 43% de bovinos, 26% de ovinos e caprinos, 11% de suínos. Em 1946 o rendimento médio de cereais nos "kolkhozys" foi de apenas 3,8 quintais métricos por hectare. A produção global de todas as culturas, inclusivee as alimentares, depois da guerra foi de 8,5 milhões de toneladas, ou seja, reduziu-se três vezes em comparação ao ano de 1940 e até menor que em 1920( e isso, apesar de que à União Soviética foram anexadas Haluchyna, Volyn, Transcarpathia, Bukovyna, sul da Bessarábia...) Enquanto isso, 43% dos trabalhadores dos "kolkhozys" não tinham vacas, 20% em geral, nenhum gado. Pagar o imposto ao governo, com produtos , todos eram obrigados: em média 40kg de carne por casa - e nenhum choro. Mais 90 ovos (mesmo se você não tem galinhas), mais de 200 l de leite, 5 a 10 rublos por árvore frutífera. Com uma palavra - aproximava-se a fome, e também porque os alimentos americanos, fornecidos sob o sistema "Lend Lease", graças aos quais o Exército Vermelho não se tornou uma multidão de exauridos, cessou. Por isso era necessário alimentar o enorme exército (exército, marinha, "conselheiros" nas fileiras dos exércitos dos países da Europa Oriental, formação da NKGB (Comissariado do Povo da Segurança do Estado) MGB (Ministério da Segurança do Estado) - a partir de outono de 1946 ultrapassava 5 milhões de "baionetas" e ainda entregavam trigo aos "irmãos da classe".
Mas Kremlin não recusou-se da exportação de grãos aos países europeus nos quais os comunistas poderiam conseguir o poder. A exportação de grãos da União Soviética somente em 1946 foi de 1,7 milhões de toneladas ou 10% de grãos de todo provisionamento do estado. Num total de 1946-1947 para Europa Central e Ocidental - Polônia, Bulgaria, Alemanha, França, Romênia, Tchecoslovaquia, etc., foram exportados 2,5 milhões de toneladas de grãos.
Então, uma grave seca, combinada com total "limpeza" dos celeiros dos agricultores, de todos os comestíveis, fez com que na segunda metade de 1946 nas aldeias novamente começasse a fome. Não admira: os trabalhadores dos "kolkhozys" da região de Kyiv, no ano total, não receberam mais de 150 gramas de grão por dia de trabalho. Nas cidades também viviam "bem". Em 29 de agosto de 1946 foi oficialmente anunciado, que em relação a seca em algumas regiões da União Soviética e com a redução de estoques públicos de alimentos foi decidido adiar por um ano o sistema de cartões de troca. Depois apareceu a deliberação sobre economia nas despesas com o pão. Nela falava-se, em particular, sobre diminuição das normas da emissão de pão para dependentes e ciranças e a privação da ração de algumas categorias de trabalhadores e funcionárioos. Nas cidades privaram da quota do pão a muitos dependentes e crianças, em maior quantidade nas regiões de Stalino, Voroshylovhrad, Dnipropetrovsk, Odessa e Kharkiv. Em geral, os regulamentos do partido-estado, de 01.10.1946 do abastecimento centralizado através de cartões, foram excluídos mais de 3,5 milhões de pessoas, deles 2,9 milhões de habitantes das zonas rurais. Tratava-se basicamente sobre pessoas impossibilitadas fisicamente ao trabalho. E era mais fácil aos capazes trabalhar com míseras rações e "vazios" dias de trabalho?
Entretanto o que pesou para liderança de Kremlin a fome de dezenas de milhões de pessoas em comparação com a perspectiva de colocar sob o seu controle - com ajuda dos comunistas locais - a França ou a Finlândia? Além disso, a elite partidária - soviética durante estes anos, ininterruptamente e não muito modestamente, abastecia-se através de distribuidores privados.
E ainda, mesmo durante o maior auge da fome, Ukraina era o principal fornecedor de grãos para Leningrado e várias províncias da Rússia, legumes - para Moscou...
Eis alguns fragmentos de documentos da época.
"Apesar de repetidas instruções para reforçar a preparação de culturas alimentícias, o senhor, a esta mais importante medida não dispensa suficiente atenção. Em 20 de outubro sua república enviou 120,783 milhões de "pud" (um "pud" equivale a 16,36 kg - medida antiga - OK) de centeio e trigo. Falta entregar 111,97 milhões de "pud". Ordeno dar às administrações regionais a instrução para realizar, conforme contas especiais dos "kollkozys" e fazendas especiais, a verificação da entrega de toda a quantidade de produtos e apresentar as rigorosas exigências de prioridade de entrega ao país o mais rapidamente possível. Os culpados pelo atraso deliberado de produtos devem ser rigorosamente responsabilizados. Sobre as medidas usadas, o senhor deverá nos relatar".
Do telegrama do ministro de abastecimento da União Soviética Dvenskyi, presidente do Conselho de Ministros da URSS ao Conselho de Ministros da República Socialista Soviética Ukrainiana, de 04.11.1946.
"No Conselho das Fazendas Coletivas elementos contrários ao Estado retardam a debulha e limpeza de grãos. Desviam muito grão aos chamados resíduos, intencionalmente realizam debulha mal feita deixando grande quantidade de grãos na palha, escondem o pão não debulhado nos palheiros, ilegalmente enterram na reserva de sementes, e as organizações locais do partido e das organizações soviéticas, e também os órgãos judiciais e das promotorias frequentemente não observam esses atos criminosos".
Do telegrama de Stalin e Jdanov a Krushchev e Korotchenko, de 26.11.1946.
Bolchevismo e canibalismo
Então, naturalmente, logo começaram a repetir-se as terríveis imagens do início de 1930. Em resultado da desnutrição entre a população da URSS (República Socialista Soviética Ukrainiana) no inverno de 1946=1947 propagou-se a distrofia. Nesta época, nos hospitais das cidades e das aldeias permaneciam 125 mil pessoas doentes. Aproximadamente mais de 100 mil precisavam de hospitalização mas não havia lugar. Até metade de 1947 já havia 900 mil doentes, até o verão - mais de um milhão.
As pessoas reviravam a terra atrás de batata ou beterraba congelada, que permaneceram na terra após a colheita. E na primavera tentavam salvar-se com a azeda, urtigas, espinafre, trevo. Em muitas regiões comiam pequenos roedores, cães, gatos.
Os pais, como no começo dos anos trinta, começaram abandonar seus filhos, porque não tinham possibilidade de alimentá-los. Novamente houve canibalismo: somente de janeiro-junho foram registrados 130 casos de canibalismo e 189 casos de ingestão de restos mortais. Pedimos atenção: registraram oficialmente, e quantos casos permanecem sem registro?
No geral, em 16 orientais, e também as anexadas a República Socialista Soviética Ukrainiana em 1940 províncias Ismailska e Chernivtsi, em 1946, devido a fome, morreram 282 mil pessoas, e em 1947 mais de 520 mil. Novamente estes são apenas casos de morte que foram registrados nos cartórios. Mas, muitas mortes ocorreram além das fronteiras da Ukraina, para onde foram em busca de salvação, no caminho para o Cáucaso, Ásia central e Kuban.
Em outras palavras, no período da fome de 1946-1947, em 18 províncias da Ukraina morreram no mínimo 800 mil pessoas. Alguns pesquisadores estimam em mais de um milhão de pessoas devido a este período de fome. Mas, ao número total de vítimas da fome, obviamente deve-se incluir também não apenas um milhão de mortos, mas as dezenas de milhares, de uma maneira ou de outra reprimida, e seus filhos. Embora em muitos locais, ensinados com a amarga experiência do passado, os presidentes dos "kolkhozys" tentavam ocultar uma parte de cereais e fechavam os olhos para pequenos "roubos" de pão dos "kolkhozys". Porém os "competentes órgãos" não dormiam. Assim, por ter escondido 360 quintais métricos de grãos e "sabotagem", para 10 anos de prisão foi condenado o presidente do "kolkhoz T. Shevchenko (Que ironia! Taras Shevchenko foi o maior poeta ukrainiano e muito combateu o domínio russo-czarista. Em seus poucos anos de vida, 1814-1861, dos quais apenas nove passou em liberdade. - OK), da Província de Chernivtsi, e 8 anos recebeu o responsável pelo depósito (Infelizmente não sei os nomes desses verdadeiros heróis da Ukraina, porque eles não constam do documento do partido, mas são dignos de respeito e merecem homenagem. E, se considerarmos em escala de toda Ukraina, quantas centenas de milhares de agricultores se salvaram!).
Passava fome em 1946 - 1947 não somente Ukraina. Moldova, baixo e médio Volga, Província de Rostov, zona Central da Rússia - todos foram alcançados pela nova espira da inteligente política de Stalin. Mas a maior fome aconteceu na Ukraina e Moldova - como já foi dito, daqui era mais fácil exportar grãos e outros produtos alimentares ao exterior.
Nesta época o líder da organização do partido e do Conselho de Comissários do Povo da União Soviética era Nikita Khrushchev. Por um lado ele recebia informações completas e objetivas sobre a situação no campo. Por outro lado, ele era um stalinista fiel e o máximo que fazia era convencer o "companheiro" Stalin que não se deve assim barbaramente tratar os agricultores.
Ainda assim Krushchev diferenciava-se radicalmente de Kosior, Postushev, Liubchenko e outros co-organizadores do "Holodomor". Ele não tinha medo de expressar opinião própria e defendê-la perante o "lider de todos os povos", embora, é claro, retrocedia e desculpava-se. "Você é muito frouxo! Mentem para você, eles jogam no seu sentimentalismo. Eles querem que gastemos nossos recursos nacionais", - jogou Stalin na face de Krushchev em janeiro de 1947. Mas, depois de um mês colocou na direção do Comitê Central do Partido Comunista, Kaganovych, "um homem de ferro", deixando o "liberal" Nikita Krushchev apenas na presidência do governo ukrainiano-soviético. Mas, o "grande lider" mandou dar uma pequena quantidade de grãos a Ukraina. Não por razões humanitárias, é claro, mas para ter o que semear na primavera.
E quando em 1947, devido a condições climáticas favoráveis e o retorno às aldeias de centenas de milhares de desmobilizados (houve redução significativa do exército porque não havia comida suficiente), foi colhida uma quantia razoável de grãos (apesar de que nem no ano de 1950 não alcançaram a quantidade que antecedeu à guerra), houve saque da aldeia com a meta de assegurar os delírios da elite de Kremlin. É compreensível: na China, os comunistas sob a direção de Mao Tse-tung lutavam pelo poder, precisava ajudar...
E movamente fragmentos de documentos:
Da carta de Kaganovych e Krushchev a Stalin, em 10.10.1947, por ocasião do cumprimento dos "kolkhozys", fazendas estatais e unidades agrícolas particulares da República Social Soviética da Ukraina, referente ao plano de entrega do pão ao Estado em 101,3%:
"A conclusão bem sucedida do plano de aquisição de grãos é resultado pessoalmente seu, companheiro Stalin, de preocupação paterna sobre os "kolkhozys" e trabalhadores da Ukraina, grande ajuda fornecida pelo partido e governo soviético para Ukraina".
Tudo isso era acompanhado com novo reforço de pressão político-ideológica, procura e encontro de "mão inimiga", e, claro "nacionalistas burgueses ukrainianos.
Na guerra, como na guerra, embora esta guerra era como que "fria"- mas para suas vítimas não ficava mais fácil.
Mas o que chama a atenção - lá, onde foi ativo o UPA (Exército Insurgente Ukrainiano), não havia fome. Em primeiro lugar, em 1946-47 os insurgentes ainda tinham força suficiente para frustrar a requisição e exportação de grãos, e em segundo lugar, as autoridades temiam que a fome em massa no oeste ukrainiano forçaria centenas de pessoas pegar em armas. Muitas pessoas do leste se salvaram da fome conseguindo alimentos de Halychena e Volyn (havia instruções especiais dos principais dirigentes do UPA para auxílio aos "orientais" e com isto ocupavam-se pessoas especialmente designadas, mas os chequistas, é claro, eliminavam os contatos dos dois lados da Ukraina, destruíam os famintos, para em seguida, colocar a culpa nos insurgentes...).
De uma ou outra forma, a luta do UPA, direta ou indiretamente salvou da morte pela fome centenas de milhares, se não milhões de pessoas. E neste número incluem-se muitos daqueles cujos descendentes hoje esconjuram todos os desempenhos dos "esfaqueadores do Bandera (Bandera foi um importante lider dos insurgentes - OK) e consideram o "companheiro" Stalin seu ídolo.
Assim, no século XX Ukraina passou por três grandes fomes. E todas as três vezes, quando no poder estava o Partido Comunista Bolchevique. Mais que isso, esta fome, todas as três vezes foi consequência da parte integrante da política partidária, estratégia e tática de Kremlin.
A fome artificial de 1946-47 revelou-se nesta série, por assim dizer, "tecnológica". Não é necessário dizer, que sem a determinação política de exportação em grande escala de grãos não haveria mais de um milhão de vítimas da fome na República Socialista Soviética Ukrainiana e centemas de milhares - em outras repúblicas da União Soviética. No entanto a "nação-vencedora" tornou-se vítima da iniciada por Kremlin "guerra fria".
Tradução: Oksana Kowaltschuk