terça-feira, 4 de dezembro de 2012

SAGA DE LAZARENKO - PARTE 2

Saga americana de Lazarenko
(Leia Parte 1 em: http://noticiasdaucrania.blogspot.com.br/2012/11/saga-de-lazarenko.html )

Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 24.09.2012
Serhii Lyshchenko

Nos EUA, Lazarenko, de própria iniciativa ofereceu depoimento ao procurador de Nova York, cujos subordinados vinham especialmente para Califórnia para encontros com o fugitivo ukrainiano. Em 09.09.1999 Lazarenko foi questionado pelos promotores do Distrito Norte da Califórnia, Distrito Sul de Nova York e FBI. Concluíram os advogados da defesa: "Nosso cliente ajudou o governo dos EUA na busca de fundos roubados, emitidos pelo FMI a Ukraina. O governo ukrainiano reconheceu a responsabilidade no desvio de recursos financeiros de FMI e prometeu devolver 200 milhões para os EUA". Essa história refere-se ao primeiro escândalo internacional durante o governo do primeiro-ministro Yushchenko.

Que Lazarenko tentou trocar sua liberdade por informações sobre governantes ukrainianos testemunha um documento de Joel Bartoc, ex-agente especial do FBI, especializado em crimes de lavagem de dinheiro russo, e que foi contratado por Lazarenko para ajudá-lo no melhor modo de fazer um acordo com o governo dos EUA. "Ele me contou sobre a venda de armas da Ukraina para Iraque e Líbia. Ele explicou em detalhes como centenas de dólares pelo gás natural foram roubados da Rússia. Gás era a moeda trocada pela produção de companhias ukrainianas, que era vendida para China. O lucro foi direcionado para contas offshore. Até mesmo o presidente Kuchma, e seu genro Viktor Pinchuk foram envolvidos nesta história".

Sobre o mau uso do crédito do FMI "Lazarenko também explicou como o dinheiro foi utilizado em dupla fraude quando os funcionários do Banco Nacional da Ukraina compravam títulos do governo ukrainiano pelo dinheiro do FMI. Depois eles pagavam para si mesmos 80% de lucro. Também criou-se uma impressão artificial que havia mercado para esses títulos. Mas o procurador dos EUA em São Francisco não mostrou interesse pelas informações de Lazarenko. Ainda Lazarenko pediu para fornecer provas de perseguição por opiniões políticas, bem como responder sobre o seu pedido de asilo político. "Se essa petição fosse considerada por autoridades norte-americanas, não teríamos derramamento de sangue de pessoas inocentes na Ukraina" - disse Lazarenko perante o tribunal. A resposta do juiz Jenkins foi impressionante. Ele disse que não havia seguido os relatórios da imprensa sobre acontecimentos na Ukraina - mas então desencadeava-se o movimento "Ukraina sem Kuchma".
("Ukraina sem Kuchma" - campanha de protestos na Ukraina em 2000-2001, organizada pela oposição política, visando a renúncia do presidente Leonid Kuchma, reeleito de 1999. A campanha teve início com a publicação em 28.11.2000 por Oleksandr Moroz, na época líder da facção socialista no Parlamento, de materiais comprometedores, que indicavam Kuchma como mandantee do assassinatoo, em 16.09.2000, do jornalista oposicionista Georgiy Gongadze OK).

Despesas de bolso do Lazarenko
Mês após mês se passava e asilo político a Lazarenko não forneciam. As investigações sobre suas atividades, da Ukraina e Suiça expandiam-se para Antígua, onde Lazarenko manejava o EuroFedBank de offshore, pelo qual deixava passar sua parte de dinheiro, quando trazia da Europa. Seis meses após sua permanência na prisão, ele solicitou à polícia, a permissão de saques de sua conta no EuroFedBank.
As despesas de Lazarenko impressionam. O financiamento de advogados, 95 mil dólares para uma empresa e 150 mil para outra - em menos de um ano. Para sua esposa Tamara - 30 mil dólares a cada mês. E como esperava retornar à política, pediu à Antígua para descongelar seus fundos para alocar... assitência ao seu partido "Comunidade", no valor de 200 mil USD mensais.
Sua esposa, pelo fato de ter expirado o visto, voltou para Ukraina e ela não conseguiu renová-lo. Seus três filhos permaneceram nos EUA. Lazarenko se divorciou de sua companheira - e uniu-se a Oksana Tsykova, que foi sua tradutora durante os anos de prisão e lhe deu três filhos, enquanto esteve preso.

Lazarenko pede por prisão domiciliar em Novato, um verdadeiro palácio adquirido por 7 (sete) milhões de dólares. Ele e seu advogado apresentaram inúmeros argumentos: ausência de crime e de possíveis ações de violência, desejo de estar com a família, preparação para defesa, uso livre de telefone, pouco tempo para comunicação com advogados devido a demora nas traduções, problemas de saúde, impossibilidade de fuga devido ao bloqueio de dinheiro. Seu pedido foi negado e ele permaneceu na prisão.

Mês e meio de horrores na solitária
O veredicto suiço, a traição do companheiro, o início da investigação nos EUA, o colapso de seu partido político na Ukraina, o congelamento de contas, recusa da prisão domiciliar e, em 17.08.2000 transferência ... para solitária, motivada devido a informações do FBI de que havia ameaças à sua vida. Estas ameaças FBI recebeu de suas pessoas da Rússia.
Na solitária até as chamadas telefônicas foram reduzidas. Lazarenko apresentou queixas de severa claustrofobia, impossibilidade de trabalhar com documentos devido a falta de tradução. Deterioração da saúde. Câmera desconfortável e fria. Após mês e meio ele saiu da solitátria mas, pela liberação à prisão domiciliar esperaria mais três anos.

Horrores noturnos de Lazarenko
A investigação foi chegando ao fim. Em 2003, promotores americanos realizaram interrogatórios fora dos EUA. Lazarenko usava sistema global para legalização de fundos, por isso as testemunhas de seu caso estavam espalhadas por diferentes continentes: Chipre, Suiça, Holanda, Canadá, outros. Para países onde havia testemunhas vivas, voava o grupo composto do procurador Martha Bersh, agente especial do FBI Daniel Earle e os advogados de Lazarenko. Por lei, Lazarenko deveria estar presente no interrogatório em regime de conferência telefônica.
O problema é que a maioria das testemunhas vivia na Europa. Em abril de 2003 houve interrogatórios em Britânia, Holanda e Suiça. Com a diferença de 9 horas, devido ao fuso horário, Lazarenko passava a maior parte da noite acordado na conferência telefônica e, dormir de dia é proibido na prisão. Houve casos em que ficou acordado mais de 40 horas sem dormir, ou 72 horas em que dormiu apenas 5. Ele andava como se estivesseeee em transe, parecia desorientadoo, queixava-se de terrível dor de cabeça.

Em prisão domiciliar
Em 14.05.2003, o juiz Jenkins decidiu pela transferência à prisão domiciliar para permitir a Lazarenko a preparação de sua defesa. Mas ele não pôde ir ao seu palácio em Novato devido ao afastamento do centro e incapacidade de controlar o acusado.
Na prisão domicilar precisou usar monitoramento eletrônico, esclarecer todos os seus ativos monetários, estar presente nas conferências telefônicas, usar as linhas já permitidas na prisão monitoradas pelo FBI. Autorização para deixar o apartamemnto apenas às idas ao tribunal e, se necessário, ao médico e ainda, apenas com a permissão do tribunal, Ministério Público, FBI ou serviço pré-julgamento,
a empresa de segurança privada, aprovada pelo tribunal e paga por Lazarenko, e deveria permanecer por 24 horas, em 3 turnos.
Lista dos visitantes: advogados e seus assistentes e os que já o visitavam na prisão. As visitas sociais: duas filhas e um filho, com direito a uma hora na sexta, no sábado e no domingo.
O FBI poderia realizar revistas no apartamento e em seus visitantess, com exceção do advogado. Os alimentos e ítens essenciais poderiam ser entregues diariamente pelo filho Oleksandr, por Oksana Tsykov (interprete e futura esposa) ou advogsdos.
Lazarenko deveria proporcionar a segurança financeira, que garantiria sua presença no tribunal, em um acordo separado.

O juiz Jenkins mencionou o acordo adicional sobre dinheiro, que garantiria a não ocorrência de fuga. Lazarenko comprometeu-se a repatriar para o banco americano seu dinheiro, acumulado em Antígua e Lituânia, isto é 65 milhões de dólares - quantia sem precedentes para fiança. No mesmo dia que o juiz Jenkins assinou sua transferência para prisão domiciliar, Lazarenko assinou a autorização para transferência do dinheiro o que não foi cumprido.
Contínua.

Tradução: Oksana Kowaltschuk

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