sábado, 17 de novembro de 2012

O QUE HAVERÁ APÓS AS ELEIÇÕES

Maioria ukrainiana contra governo de ocupação.
O que haverá após as eleições
Estereótipos que manipulam a maioria dos ukrainianos e os conduzem ao espaço Eurasiano
 
foto 1: Vote pelo idioma russo como estatal. Vote pelo futuro.
 
foto 2: da esq. p/direita: Firtash, Akhmetov, Hubskyi e outros - são empresários ukrainianos.
 
foto3: A oligarquia pátria protege contra negócios russos.
 
foto 4: Comemorações de 1991 - Ukraina desliga-se da URSS.
 
foto 5: A maioria dos ukrainianos não tem sentimentos nacionalistas.
 
 

Tyzhden (Semana), 05.11.2012
Oles Oleksienko

No término da contagem de votos das eleições parlamentares ordinárias Mykola Azarov (primeiro-ministro), declarou que a iminência da crise está se aproximando (o que o governo negava até o último momento), e por isso o governo (que foi derrotado na eleição) está pronto para estender a mão à oposição, mas preveniu, para o caso de, em resposta encontrar populismo destrutivo e demagogia "estaremos prontos para, de forma independente, resolver os problemas de nosso país". Esta declaração foi a ilustração da vez sobre as relações entre o atual regime e a sociedade.

Há um governo que nunca vencencia as eleições e não recebia plenos poderes dos cidadãos para formar o governo e a maioria parlamentar, portanto usurpou este direito. E há a maioria da sociedade ukrainiana, que durante a Revolução Laranja e das últimas três eleições parlamentares (2006, 2007, 2012) expressa desconfiança ao Partido das Regiões, posicionando-se deste modo contra a rasteira usurpação do poder e política antiukrainiana, que então teve lugar em 2006 e 2007, e também agora.
Então, na essência, estamos lidando com um governo estranho, imposto, que de acordo com estes critérios é semelhante à ocupação e que não pretende coordenar suas ações com a vontade da maioria dos cidadãos, mas impõe a sua.

Tornar o país perigoso
O objetivo de Yanukovych e Kº praticamente já não escondem: a autocracia com censuras públicas ao Ocidente, para que ele não indique, "como viver em casa própria". Exatamente esta retórica começou a soar do governo na véspera das eleições, e a derrota real é improvável que mude esta abordagem.
Dado o comportamento, Yanukovych e Kº consideram Ukraina como sua possessão e esperam permanecer aqui por muito tempo. A queda de apoio na sociedade somente forçará o presidente e seu meio recorrer à procura de métodos mais exóticos para manter o poder.

Se isto é assim, logo podemos esperar ofensivas contra as não controladas organizações cidadãs e Mídia. Para isso, provavelmente, podemos esperar leis escandalosas (como a lei da injúria, como restrição ou proibição de financiá-las pelos não residentes). Intensificar-se-á a pressão sobre a oplosição, primeiramentee com o objetivo de privá-la de ativos da mídia, de grandes e médios patrocinadores. Será de grande risco a extensão da reforma constitucional (em particular, a transição para a forma de governo parlamentar ou a eleição do presidente pelo parlamento). Existe a possibilidade de que as decisões importantes para o governo serão tomadas com a ajuda de "corretos" referendos.

No campo econômico, obviamente, intensificar-se- á o ataque aos negócios independentes do governo, pequenas e médias empresas - nas condições da crise econômica iminente, o governo será forçado procurar compensações para as perdas do orçamento. Os problemas para as finanças estatais já estão definidas: a produçãoo industrial já em queda por vários meses seguidos, o PIB diminuiu nos últimos três meses em 1,3%, a dívida do governo da Ukraina chegou a 49,345 bilhões de USD, o salário real dos ukrainianos, em setembro, registrou uma queda de 0,4% em comparação com agosto.

Mas, dificilmente perderão algo os oligarcas próximos da "família", que continuarão realizar a estratégia definida em 2012, ou seja, minar os representantes mais fracos de seu campo de atividade, apoderar-se-ão de ainda não distribuídos recursos: terras, monopólios naturais, grandes objetos estatais (grande empresa "Turboatom" de Odessa, Naftogaz, etc). A correspondente base jurídica foi preparada para isso antes das eleições.

Nesta situação, inveitavelmente, diminuirá a proporção da classe média, a qual sob condições próximas da fome não terá recursos para desenvolvimento, e em consequência degenerar-se-á cada vez maior parte de cidadãos. Enfim, acontecerá o que já iniciou em 2010. Em seguida, haverá estreitamento do mercado interno (o qual vai aprofundar-se com a necessidade da economia orçamentária após nenhum reforço da melhoria pré-eleitoreira), e, portanto, o potencial para o desenvolvimento de ramos econômicos orientados internamente. Os investidores estrangeiros continuarão a ser incentivados com alta taxa de retorno (a qual é realmente disponível apenas para os negócios próximos ao governo), mas não com condições confortáveis para atividades empresariais. O conforto será proposto como serviço adicional pago às pessoas próximas do poder.

O regime de Yanukovych novamente recomeçou o jogo de "bom e mau" policial e tenta novamente "costurar" os representantes políticos europeus de acordo com o velho cenário, mudando a decoração - composição do governo. No caso do Ocidentee não "comprar" a proposição do nosso presidente e não aceitar a sua redecoração cosmética, pode-se esperar aprofundamento de confrontações. Se o Ocidente apenas abanar com a mão, continuará a política de dupla moral: demonstrações externas com sinais de democracia e liberdades, e crescimento de autoritarismo no interior do país.

Em troca, Rússia não esconde inquietude com os resultados das eleições parlamentares em nosso país, que testemunharam a vitória da maioria ukrainiana. Portanto, ela tem razões para se apressar, o que pode significar aumento da pressão sobre Yanukovych e, ao mesmo tempo, oferecer esquemas lucrativos para "família" e próximas ao governo oligarcas. O governo conseguiu mobilizar seu eleitorado com slogans antirrevolução "Laranja", mas a desilusão não desapareceu depois das eleições. Portanto, nas condições de ausência de alternativa na Ukraina ao desiludido eleitorado do Partido das Regiões, poderá ser a Rússia. Já agora, aos nossos conterrâneos se impõe a idéia que todos os males ukrainianos vem dos altos preços do gás e dificuldades de acesso ao mercado da União Aduaneira. E não de causas reais como a corrupção, a ausência de ambiente normal de negócios, estado de direito, bem como reformas na esfera social, distorções estruturais na economia.

Maçã da macieira
No momento, a luta de grupo de influência no conglomerado governamental carcomer-se-á pelo aumento de seu prestígio e possibilidades de acesso de recursos por conta da influência sobre Yanukovych. Como ativo utilizar-se-ão os deputados levados ao parlamento sob diferentes bandeiras.
A provável mudança de governo - velhos (Azarov e Kº) para jovens (Arbuzou e Kº) não se altera significativamente, será apenas uma forma de aliviar o stress e pleitear ao Ocidente novo crédito de confiança e dinheiro suficiente para manter a estabilidade pelo menos até 2015. Qualitativamente, a nova política não pode amadurecer no meio de velhos. Crescendo no mesmo ambiente, pelos mesmos padrões e algoritmos, irão reproduzir o estilo de gestão da velha "elite".


Superar a matriz
Por quê a maioria ukrainiana sempre vota contra o Partido das Regiões, mas ele sempre encontra uma possibilidade de voltar ou manter o poder?
Os métodos puramente tecnológicos de deturpação da vontade dos cidadãos ukrainianos, que ocorriam em maior ou menor proporção, em maior ou menor número de regiões, é evidente. E, mesmo na presente eleição, votando pela aprovação da nova lei, a oposição concordou com este processo. A campanha eleitoral foi acompanhada por maciço suborno nos circuitos majoritários, onde os representantes do govetrno compravam a consciência das pessoas, de fato, pelo dinheiro deles mesmos. Parte dos recursos foi gasto para obtenção de uma maioria absoluta nas comissões eleitorais, onde frequentemente decidiam-se os questionamentos. Esta lista pode-se continuar.
No entanto, há razões fundamentais, que durante todos esses anos criavam uma tal situação, quando o país era governado pelo Partido das Regiões, o qual conduz luta com a maioria ukrainiana.

Fragmentos do "Mundo russo"
A isso contribui a herança ukrainiana, problema do período soviético, de uma parte dos cidadãos, descendentes de reassentadas aqui pessoas de outras regiões de URSS, que não aceitaram o direito titular étnico do próprio Estado e continuam orientar-se por Moscou. Para eles, qualquer força política ukrainiana é hóstil, e, portanto, eles constituem base social para o Partido das Regiões como partido não ukrainiano clássico. Um exemplo claro é Criméia e Sebastopol, porque é ali a maior porção de cidadãos que não percebem o nosso estado, mas em 1991 receberam a cidadania ukrainiana.

No entanto, em outras regiões da Ukraina, leste e sudeste, que são mais russificadas e empobrecidas, pseudocoletivo russo-soviético (na verdade gregário) visão de mundo imposta à maioria absoluta de moradores. A genética social que realizava-se na totalitária URSS, multiplicada pela lealdade tradicional ao despotismo do czar e fidalgo, na mentalidade russa impediu e impede a iniciativa e a individualidade. Ela fazia da população local uma massa amorfa no plano social e político, curvar-se sem pensar diante do mais forte, especialmente do proprietário ou gerente de empresa, ou dirigente da administração pública de qualquer nível.
 
Negócio estrangeiro
Outro problema consiste no grande negócio, que não é ukrainiano (aqui não se trata de pertinência étnica, mas da concepção do mundo) e sobre a atitude ao país e seus cidadãos de fato, em nada difere dos grandes oligarcas. A absoluta maioria de seus representantes (exceções individuaais apenas confirmam a regra) já há muito tempo têm vários passaportes estrangeiros, conduzem negócios através de empresas offshore, possuem propriedades no ezxterior, onde costumeiramente estudam seus filhos (e muitas vezes não é só no Ocidente, mas também na Rússia) e consideram a Ukraina e ukrainianos apenas como um território e a população como fonte produtora para recebimento da margem de lucro mais elevado (deles, dos oligarcas), comparando com países desenvolvidos economicamente.
 
No entanto, este negócio não está pronto para participar de transformações na Ukraina para modificar a situação segundo o exemplo de países avançados. Este é um exemplo típico da russo-soviética fidalguia, que foi herdado na pós-colonial Ukraina. Da mesma forma a nobreza do século XIX ou a liderança soviética do século XX frequentemente tentavam imitar estas ou aquelas influências ocidentais, mas nunca queriam mudar radicalmente a situação no interior do país, sentindo-se bastante confortáveis numa sociedadee estagnada e semi- feudal. No entanto, as empresas de grande porte eram uma parte significativa de diferentes comandos políticos da oposição ukrainiana.
 
Chegando ao Parlamento "sob disfarce", Feldman, Hubskyi, irmãos Buriaky, Zhvania e outros representantes das grandes empresas sempre passavam para o Partido das Regiões apoiando suas políticas com generosos tributos financeiros, em vez de promover a criação de forças políticas alternativas na Ukraina. Em troca eles recebiam o direito à participação na pilhagem do país ou pelo menos a garantia (nas situações domésticas é suficiente a convencional) de inviolabilidade de seus negócios. As eleições de 2012 deram a possibilidade aos negócios do capital chegar ao governo (para ficar) por conta da passagem ao Parlamento como candidato independente, e ele aproveitou-se através da compra de distritos. Mas, não se tornou independente do Partido das Regiões, pelo contrário, deixou-os vencer lá, onde sob a sua própria marca, nunca chegariam a ter sucesso.
 
Necessidade de alternativas
Não obstante, é problema também o fato de que os partidos alternativos ao Partido das Regiões não refletem os sentimentos da maioria ukrainiana. Isso é evidenciado pela mudança frequente das forças oposicionistas e seus líderes, e consideráveis reinvidicações dos ukrainianos por uma nova força política de qualidade que foi desejada nas eleições presidenciais de 2010 e deste ano. As pessoas têm de escolher entre o que está disponível. E o que lhes é oferecido vem das velhas elites e das mãos da oligarquia, cujos interesses não têm nada em comum com os interesses da maioria ukrainiana. Os atuais líderes da oposição são fracos, do que se aproveita o governo.
Portanto precisamos de organizações da maioria de ukrainianos do povo, financiada na base de contribuições dos próprios membros e doações das pequenas empresas. De acordo com os dados sociológicos do Fundo "Iniciativas Democráticas", publicado no início de outubro, 6% de cidadãos estão dispostos financiar o partido que defender os seus interesses.
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

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