quarta-feira, 22 de agosto de 2012

LUTSENKO FAZ UM CONTUNDENTE PRONUNCIAMENTO

Do tribunal, o pronunciamento de Yurii Lutsenko
Tyzhden (Semana), 10.08.2012

 

"Eu gostaria de falar sobre a responsabilidade de cada pessoa para o seu destino e o destino de seu país.

Os eventos neste julgamento, onde brutalmente foram violados todos os direitos possíveis de réus e, mais amplamente analisando, os acontecimentos na Ukraina como um todo, indicam que a situação em nosso país antes lembra um monte de esterco, cercado por arame farpado, que uma democracia. O balanço das atividades de 2,5 anos de Yanukovych no poder resumen-se a uma constatação - rouba-se o país, viola-se com o bando de gangsters no governo. É óbvio que o Partido das Regiões tenta esconder este fato através de mentiras divulgadas pelos meios de comunicação controlados, com os quais abarrota a sociedade antes das eleições, como os gansos para "foie gras".

A tragédia da situação geral - as pessoas estão dominadas e entorpecidas diante da máfia. A maioria das vítimas da "Família" Yanukovych, e praticamente todos, que desempenham o papel de "parafuso" do Myzhyhiria, silenciam e submetem-se ao sistema criminoso. A ausência de hábitos históricos ao individual, não sancionadas resistências de cima, para proteção da honra e dignidade pessoal fevorecem a máfia no poder. Frases como "contra o governo não conseguirás", "um soldado não vence a batalha", "para não haver guerra" e "minha casa - do lado" cobrem com areia da indiferença cidadã as isoladas tentativas de movimentos individuais interessados em modificar a situação.

É por isso que eu quero chamar a atenção dos ukrainianos para o fato que não somente Yanukovych e Azarov (primeiro-ministro) violam os negócios, protegem os assassinos e "majores" (apelido dado aos filhos dos poderosos que, quando praticam crimes não são punidos -OK), dispersam os protestos com gás lacrimogêneo, roubam propriedades e fabricam casos criminais. Tudo isso seria impossível sem as dezenas de milhares de sugadores de sangue que servilmente obedientes destroem as vidas de milhões de compatriotas e do país como um todo.
Na história isto já aconteceu mais de uma vez. Não foram Pedro I e Catarina II que de Petersburgo, mas os seus apóstatas que destruíram o Hetmanato e Sich (finalizando a época dos cossacos ukrainianos - OK). Não Stalin e Hitler, mas os seus lacaios organizaram o Holodomor e os campos de concentração.
Nosso genial compatriota Mykhailo Bulhakov em seu romance "O Mestre e a Margarida", descrevendo o satânico baile, traz diante de Margô a infanticida Frida, a qual foi seduzida e abandonada pelo dono do café." "Rainha, - de repente rangeu o gato, - permita-me perguntar-lhe: por que está aqui o patrão? Pois ele não sufocou o nenê na floresta!
Esta máxima de Bulhakov sobre a responsabilidade pessoal, por seu lugar no mundo, por geração de monstros e apoio a regimes atuais aos tempos dos czares, e Comitês Centrais, e Administração Presidencial.
Eu não quero voltar para atuais e modernas fridas em uniforme com dragonas, com emblemas de deputados, e togas de juízes. Essas criaturas com a espinha quebrada e consciência amputada - são resíduos da nação ukrainiana. E interessar-se com esterco só é interessante durante a aração da primavera.
Quero fazer um apelo à maioria absoluta de ukrainianos, que com o coração e o bolso sentem a necessidade de destruir a máfia dominante. Sentem, mas sofrem, confiando nos políticos e eleições a cada cinco anos.
Sim, a mudança de governo, o afastamento do clã Yanukovych - assunto absolutamente necessário. Mas esperar que os políticos farão isso - é um grande erro. Nem Voltaire, nem Washington, nem Havel conseguiriam terminar com a Idade Média, mesmo se por milagre se tornassem monarcas no tempo das ardentes chamas do fogo da inquisição.
A nova vida começou na Europa, quando aos cidadãos tornou-se inaceitável a cumplicidade tácita, e a silenciosa não interferência nas repressões selvagens.
Terminar com a nossa Nova Idade Média, com o governo "do passado que não passou" é impossível sem uma revolução geral de moralidade, sem um afastamento diário do organismo social, os vendilhões, sem um protesto pessoal e constante contra a mentira e a tirania a sua volta. Sem isso toda a conversa sobre a Europa - torna-se um canção moderna de ninar, não um movimento concreto.
Europa - lá, onde a tradição grego-romana passando as etapas da Antiguidade, Renascimento, Reforma e Iluminismo, definiu-se na vida econômica, política e espiritual da centralidade das responsabilidades humanas.
Todos que desejam terminar com a síntese do despotismo da ordem-bizantina e restaurar Ukraina européia, devem compreender que essa centralidade dos interesses humanos envolve também a centralidade das responsabilidades humanas.
Esperar o nível europeu de renda, direitos, segurança, meio ambiente, etc., sem posição pessoal ativa - isto me lembra a história dos anos 40 na gestão do Ministério do Interior na região de Donetsk. Lá, o inspetor da seção pegou o brigadeiro que esforçava-se em dominar a trabalhadora da fazenda coletiva. Em sua resolução o policial tomou a decisão de negar o processo criminal da questão por estupro porquanto "não ligando aos protestos de voz, a pose das pernas e movimento das mãos da cidadã completamente colaboraram com as ações do cidadão.
A tarefa de limpar o país da atual voracidade da máfia exige de cada cidadão uma resposta pessoal. Sem mudar o seu dever para sanções do Ocidente, sem calcular que o novo Maidan (protestos na região central de Kyiv, dia e noite, sob rigoroso inverno, para não permitir a vitória de Yanukovych em 2004 devido a fraude nas eleições - OK), não vai reunir-se sozinho.
Estimados amigos! Nós e vocês estamos no cativeiro desde o ano de 2010.
Por razões políticas me mantêm na cela de prisão já por 594 dias. No entanto eu me sinto livre e cheio de otimismo. O status do homem livre, como o status de uma nação livre não se dá pelo regime, ele deve ser conquistado em constante luta pela sua dignidade.
Aconteceu que nestes dias coincidiram no tempo dois processos políticos - o fim da farsa judicial em cima de mim e o início das eleições parlamentares. Naturalmente, isto não é proporcional no âmbito e no valor do evento. Mas, parece-me, que o malogro do plano Yanukovych para a destruição total da oposição no andamento dos processos judiciais dá um fiel algorítmo de vitória no processo eleitoral.
A condição essencial para o sucesso das políticas predatórias do atual regime - obediência e silêncio das vítimas. Nem Yulia Tymoshenko, nem Yurii Lutsenko, nem nossos correligionários não se assustaram e não mudaram suas convicções. O desejado silêncio, os gangsters do Partido das Regiões não alcançaram. E o grandioso buldôzer do Yanukovych patinou. O grandioso desabamento no apoio dos eleitores para o Partido das Regiões, atividade e integração das forças democráticas nacionais, - tudo isso é resultado de proteção intransigente da dignidade nacional e pessoal de lutadores concretos. (Ainda não há definição concreta do eleitorado. Baixou muito a preferência ao Partido das Regiões mas, subiu novamente nos últimos dias - OK).
Durante um ano e meio os jornalistas testemunharam o meu processo. Estou muito grato pelo fato de esclarecê-lo. Pelos meios de informação maciça a sociedade tinha a possibilidade de testemunhar a total falsificação da questão e o absurdo das acusações. A decisão do Tribunal Europeu dos Direitos Humanos sobre a ilegalidade e motivação política da prisão foi o primeiro passo para a reabilitação jurídica, apesar de hoje já é fato de que o regime não conseguiu me tornar culpado aos olhos da maioria dos ukrainianos.
Isto significa que dar combate à máfia, com todos os meios acessíveis para defender seus direitos e convicções - significa ganhar! Não importa - hoje ou amanhã. A luta, a resistência ativa em qualquer caso significa permanecer uma pessoa livre. E isso faz com que a vitória seja inevitável.
Aplicando esse algorítmo do meu comportamento judicial a grandes eventos, eu quero dizer que as eleições - é chance para curar as escaras de capacidade nacional de resistência à Máfia. Eleições - chance de acabar com o Partido das Regiões, partido de ladrões e mentirosos, com espectros do passado colonial com Partido Comunista da Ukraina, com declaradas e mascaradas-repulsivas "tushkas" (apelido dado aos deputados que, depois de eleitos passam para o partido governista - significa pequena carcaça de animal - OK). Eu entendo, que a máfia, nestas eleições, amplamente aplica a mentira, a coerção e o suborno. E o que mais podem fazer os membros do grupo criminoso e organizado, que retiraram do país, só nos últimos dois anos, mais de 50 bilhões de USD à zona de offshore do Chipre?
Mas, ao mesmo tempo eu acredito, que os tempos difíceis estimularão as pessoas a um comportamento mais promissor, incluirão mecanismos para sua proteção afinal de contas. Pois votar a favor de lobos fazem-no apenas aqueles carneiros que não pensam, que não refletem, de onde virá o churrasco prometido pelo seu voto.
Isto vale muito perceber: nestas eleições não há para onde recuar, isto é luta pela sobrevivência pessoal e nacional de 88% comunidade roubada. Perdoar tudo o que fez o Partido das Regiões nestes 2,5 anos, significa empurrá-los para fazê-lo às pessoas de novo e de novo.
Sim, nós não somos a oposição perfeita. Concordo com os que criticam o populismo simplista do nosso programa, quem não se agradou com nossas listas. Mas com tudo isso - na oposição unida estão apresentados políticos, e não oligarcas e gangsteres. Seus líderes cometiam erros, mas não transformavam Ukraina em JSC - Empresa Privada do "Myzhyhiria", onde tudo pertence à "Família" governante. Com o programa da oposição pode-se argumentar, mas não recolher dentes com braços quebrados (alusão ao comportamento selvagem dos Regionais no Parlamento quando a situação esquenta - OK).
A escolha entre o Partido das Regiões e "Pátria" (Batkivshchyna) - não é escolha entre duas forças políticas. Esta é uma escolha entre a máfia e a democracia. A democracia pode-se melhorar e até mandar embora. A máfia somente pode-se vencer. Essa questão não é da Yulia Tymoshenko, Arsenii Yatseniuk, Vitali Klychko, Anatoli Hrytsenko, ou Yurii Lutsenko. Essa questão é de cada um, de quem quer viver, e não apenas sobreviver na Ukraina.
O governo de Yanukovych nos tomou quase todos os direitos. Além do direito de ação particular. O resultado das eleições já não depende dos políticos, mas dos cidadãos da Ukraina. Evitar esta escolha é impossível. Para muitas pessoas esta escolha será difícil. Mas a vida ensina, que somente o que é difícil, é realmente importante.
Dar luta à máfia - significa não apenas optar por uma oposição unida nestas eleições parlamentares. Isso significa conseguir aquilo, que ninguém pode lhe dar, - tornar-se uma pessoa livre.
E seja qual for o resultado, que anunciará a Comissão Central Organizadora, fará de você um vencedor. E somente a combinação dessas milhões de pequenas vitórias vai libertar o nosso país inteiro.
GLÓRIA À UKRAINA!"
Tradução: Oksana Kowaltschuk
Fotoformação: AOliynik
Imagem: Tyzhden

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