quinta-feira, 7 de junho de 2012

PUTIN PROVOCA A SEGUNDA GUERRA FRIA

Putin com sua "PROmania" (Defesa contra mísseis balísticos) provoca segunda Guerra Fria.
Tyzhden (Semana), 08.05.2012
Viktor Kaspruk

As disputas entre Rússia e os Estados Unidos em torno da implantação pelos norte-americanos do sistema "PRO" são, de fato, desejos russos de estabelecer, apoiados pela China, uma nova ordem mundial.

As tentativas de fazer isso, provavelmente, acontecerão nos anos 2012-2016, quando Vladimir Putin vai tentar vencer a situação que surgiu após o colapso da União Soviética, e a crise sistêmica global que verifica-se ultimamente no mundo só poderá favorecer o presidente russo, o que esperam os dirigentes do Kremlin.

Além disso, provocando um conflito em termos de preservação de seu antigoo poder e oportunidade de continuar sendo um sistema internacional de apoio, que funciona desde 1945. O Kremlin espera que, aos Estados Unidos depois dos estremecimentos macroeconômicos e monetários se iniciará a forçada destruição geopolítica de sua antiga reputação internacional, após o que o tandem estratégico Rússia - China apresentará seus direitos de posição dominante no cenário mundial.
O que deseja fazer Vladimir Putin retornando à presidência, aparece não só como lançamento de uma nova guerra fria, onde os russos (como hoje lhes parece) terão todas as chances vencer a América. Moscou há muito tempo esperou por este momento, e, aproveitando o expediente de luta contra o sistema "PRO", Kremlin quer se vingar pela alegada humilhação sofrida pelo Império de Moscou depois do colapso da União Soviética em 1991.

O "Complexo da URSS" é dominante para Putin, porque a Rússia, até hoje, ainda é o estado de maior área no mundo, mesmo depois de 14 países, que foram forçados a se tornar repúblicas da União Soviética, sairem da subordinação de Moscou.

Vladimir Vladimirovitch Putin luta com todas as forças pelo legado do passado soviético, divisando nele uma única oportunidade de reviver a antiga "grandeza" da Rússia, que ele vê apenas com o lançamento da próxima rodada de corrida armamentista. Neste sentido, vale a pena recordar as palavras do influente senador dos EUA John McCain: "Quanto a Kaliningrado, a situação aqui é muito interessante. Os militares russos dizem, que a mobilização e capacitação da Rússia em Kaliningrado, é em resposta ao sistema "PRO- OTAN". Isto é muito complicado explicar e, de alguma forma entender. Nossa defesa antimísseis é simplesmente defesa, não é nenhuma ameaça a ninguém. E o fato de que os russos usam-na como desculpa para aumentar suas capacidades militares em uma zona pacífica do mundo, realmente testemunha de que pode mesmo ser percebida como paranóia de Vladimir Putin!"

Pode-se dizer, que a resistência da Rússia à instalação do sistema "PRO" na Europa provoca um debate civilizacional-geopolítico. Porque Putin teme menos o "PRO", como o fato de que os aliados dos EUA na OTAN ficarão protegidos não apenas do ataque nuclear do Irã, mas também, em caso de força maior e circunstâncias políticas, de provável agressão da Rússia de Putin.

Ao mesmo tempo parece que o "PRO" americano é um presente do destino ao regime de Putin. É um motivo brilhante para assustar os russos e tentar uni-los reunindo a própria nação em torno do governo corrupto diante da imaginada ameaça externa dos EUA e OTAN.

Então, Putin não teme o sistema "PRO", mas o fato de que o Ocidente criou a menos viciosa estrutura conhecida de sociedade, que comparada com a existente na Rússia "desenvolvida pelo Putinismo" parece um elemento subversivo para a renovação a partir de 2000 do sistema de governo.

Para Vladimir Vladimirovich a luta contra "PRO" é indispensável para fortalecer a ditadura na Federação Russa e criar em tempo mais próximo possível uma análoga à antiga União Soviética. Conduzindo a Rússia à nova corrida armamentista Vladimir Putin busca vingança geopolítica, o que, em resumo, pode acabar com o colapso de Moscou, porque mesmo as relações aliadas com a China não podem bloquear os recursos combinados do mundo democrático ocidental. A consequência de uma segunda Guerra Fria pode levar ao colapso agora, não da URSS, mas da Rússia.

Ao colocar seus mísseis em Kaliningrado, a Rússia simplesmente provoca o Ocidente para dar passos em resposta. E esses passos podem ser bem diferentes das negociações e contatos anteriores que se assemelham à passarela onde passeiam os políticos em roupas diplomáticas, conversam, discutem, mas mantem suas próprias posições.

No entanto é possível que Putin em sua "PROmania" pode ir tão longe, que poderá anunciar a instalação de mísseis para dissuadir a OTAN não apenas na região de Kaliningrado, mas também na distante Chukotka, ou (recordando a experiência de colocação de mísseis por Nikita Khrushchev em Cuba) em Cuba e na Venezuela.

"PRO" é indispensável aos países civilizados para proteção de agressores totalitários. E quando a Federação Russa já abertamente ameaça a União Européia no caso da instalação da "PRO", então essas ações provocativas do Kremlin podem causar uma reação. E nestas condições, todos os países desenvolvidos, pertencentes a OTAN são capazes, em ordem prioritária, ocupar-se rapidamente com o lançamento de mísseis, protegendo-se dessa forma das ameaças do Oriente.

No entanto, jamais o "Macho-alfa" russo desistirá dos mísseis que ele considera como uma confirmação visual de sua dignidade presidencial. Mas, na verdade agora perante Rússia abrem-se apenas dois caminhos possíveis: participação da corrida armamentista contra o inimigo bem superior ou a parceria estratégica com o vencedor da primeira Guerra Fria - os Estados Unidos.

Afinal, não importou o quanto Putin tentou inflar as bochechas, a Polônia, República Checa, Romênia, Bulgaria e Turquia já começaram o preparo da instalação em seus territórios dos elementos "PRO". E ainda podem ser acrescentados os complexos marítimos dos mares Báltico e Barents. Então, as apostas estão feitas, o jogo político começa a se desenrolar no cenário mais desfavorável para Rússia.

Rússia pode simplesmente não entender, ou finge que não entende: os países ocidentais não confiam nela e não confiarão enquanto permanecerem no governo dirigentes como Vladimir Putin. Já que a intransigência russa (para não dizer - posição de sabotagem) em um número de importantes questões internacionais simplesmentee empurra o Ocidente para a implantação imediata do sistema "PRO" na Europa.

Claro, se a alta cúpula russa fosse capaz de esforço moral e reconhecesse que não é capaz de concorrer com os Estados Unidos na esfera militar, então deveria alinhar-se com países influentes como a Inglaterra, Alemanha ou França, para os quais a impossibilidade de competir com a América não é um vício, mas uma realidade. E admitir isso de modo algum significa capitular ou tornar-se colônia de americanos.

Provavelmente, que aqui tudo depende de tradições russas. Afinal sob "Rússia forte", o governo russo durante séculos não entendia outra coisa, que exclusivamente numeroso, porém mal preparado exército, o qual cobria com seus mortos os campos de batalha. Bem como a presença de nação sem direitos, mendiga, que generosamente pagava todas as imaginárias "vitórias" com milhões de vidas, que com liderança profissional militar poderiam ter sido salvas.

Em geral, como pode parecer a segunda guerra fria para Rússia com América, quando na Federação Russa 70% da população vive abaixo da linha de pobreza, e o PIB estatal é inferior a este número apenas em um estado, California, EUA? Afinal, em geopolítica estimam-se as possibilidades, não as intenções. Hoje, Rússia simplesmente não tem recursos econômicos para competir com os EUA em igualdade de condições.

Talvez Putin conta com "contramedidas rigorosas" que preveem ataques preventivos contra alvos militares e infraestrutura civil dos países - membros da OTAN. Mas, o fato de que as armas "simples" a Rússia ainda possui em grande quantidade, ela já é obsoleta. Apesar de que armas nucleares de alta potência podem ser entregues não apenas pelo ar, mas também sob a água. Tais projetos os russos já possuíam anteriormente. E então, teoricamente, explosões submarinas próximas às margens de inimigos podem realmente confundir os planos até os detalhes estabelecidos no computador. E marinheiros condenados a morte sempre podem ser encontrados na Rússia.

Considerando sobre quão importante é a disputa entre a Rússia e os EUA em torno de "PRO", e analisando a absolutamente inadequada reação sobre esta questão, não se deve esquecer que Putin com suas ações somente quer substituir o conceito. Porque "PRO - não é nada mais que defesa contra mísseis. E não pode apontar em alguém. "PRO" só pode ser aproveitado contra as armas lhe dirigidas. E isso é completamente outra coisa. "PRO" não pode contra-atacar, é somente um escudo contra as ações imprudentes de agressores externos.

O problema da instalação do sistema "PRO" provoca mais uma pergunta, ou seja: talvez a Europa já a um bom tempo deveria sozinha ter instalado sua defesa contra mísseis balísticos, e não depender dos americanos? Considerando, que problemas específicos ou tecnológicos não devem acontecer com essa instalação.

O mais lamentável para Vladimir Putin nesta situação é que, no caso do envolvimento da Rússia em uma nova Guerra Fria, no horizonte de Moscou não há aliados confiáveiis. Porque, francamente, China não é aliada da Rússia, mesmo após o grande número de acordos assinados entre eles.

A Pequim é vantajoso engajar Moscou em confronto com o Ocidente (possivelmente prometendo-lhe apoio), mas, eventualmente, ficará à distância. E de lá observará a briga, e sob o barulho ainda leva um pedaço do Extremo Oriente e parte da Sibéria.

A Guerra Fria anterior foi uma invenção genial dos EUA. Mas como ela terminou para a União Soviética? Desmoronou-se a "obsessão" incapaz de suportar a carga acima de suas forças. Então, por que Putin se envolveria numa guerra fria outra vez? Se, é claro, não para definir um objetivo - para finalmente acabar com a Rússia? Porque ameaçar a OTAN com a restauração da Guerra Fria - é como ameaçar o rival com o próprio suicídio. O bloco Oriental desintegrou-se, seus membros alinharam-se com a OTAN, a URSS já não existe, na Federação Russa - nenhum verdadeiro aliado, mesmo os satélites - quase países, como Transnistria (República Moldava da Pridnestróvia) e Abkházia, procuram viver de sua maneira. Como iniciar nestas condições a guerra fria?

Como resultado Vladimir Putin enreda-se em sua própria estratégia, piorando a situação a cada ano. À Rússia de Putin é extremamente
necessária a ilusão de fortaleza sitiada, que permanece no anel de inimigos, enquanto seus ideólogos acreditam que a paranóia massificada neste terreno só aumenta o poder do regime.

Rússia considera base para estabilidade a ameaça de mútua destruição nuclear. Europa Unida busca o retorno do tempo em que as espadas nucleares não foram levantadas sobre as cabeças da humanidade. Fazer lançamento de armas de destruição em massa impossível - o que poderia ser melhor ao mundo todo? Mas os russos sempre desejam viver pelos seus próprioos termos. Mas o mundo mudou. Depois de 500 anos de agressão contínua e expansão de suas posses, confiscando terras de nações vizinhas, Rússia provoca uma situação em que pode muito bem voltar para os territórios ocupados no momento de Ivan o Terrível. E se os putinistas não frearem e não se envolvereme em seus negócios em vez de intervir em alheios, a Federação Russa pode voltar aos limites do principado de Ivan Kalita...

Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

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