quinta-feira, 27 de outubro de 2011

MOVIMENTO EURASIANO MOSTRA SUAS GARRAS

Ukraina está se tornando Rússia
Ekonomichna Pravda (Verdade Econômica), 21.10.2011
Andryi Chernikov
 
Yanukovych (E) Medvedev (D)
Agora o mais importante é Kyiv não ir em frente - não entrar em União Aduaneira. No entanto, a União Eurasiana é apenas um trampolin para ela, e o Único Espaço Econômico. Existe o risco de que, ao assinar o acordo de livre comércio com os países da CEI (Comunidade de Estados Independentes) Ukraina vá em frente? Sim.

Na terça-feira (18.10.2011) Em São Petersburgo oito países da CEI assinaram acordo sobre zona de livre comércio. Assinaram os primeiros-ministros da Rússia, Ukraina, Belarus, Cazaquistão, Quirguistão, Armênia, Moldávia e Tajiquistão.

O acordo entrará em vigor a partir de 01.01.2012, se for ratificado pelos parlamentos.

O que este acordo dará a Ukraina? A idéia de tal acordo é fazer o comércio sem taxas aduaneiras. No entanto todos os produtos ainda não conseguirão exportar ou importar, sem qualquer taxa. Tudo depende das exclusões previstas no acordo.

Ao assinar o acordo, o primeiro-ministro da Ukraina Mykola Azarov chamou-o de imperfeito. Então por que assinou? Obviamente, ele encontrou no documento mais pontos positivos que negativos.

Tal opinião também era do ex-presidente Viktor Yushchenko, o qual também queria assinar este contrato, mas por causa de conflitos com Moscou não o fez.

Yushchenko via neste documento a simplificação do comércio com a Rússia e estabelecimento de relações calorosas com ela. A União Eurasiana ainda não empurrava Ukraina para os abraços da Rússia, não colocava cruz na eurointegração e a criação de uma zona de livre comércio com UE. Como ficaria o acordo com Yushchenko - não sabemos. Com Viktor Yanukovych ele será assim.

Começando do fato de que para Ukraina não será confortável.

Muitos analíticos dizem que Moscou passou a concessões sem precedentes para criar a União Euroasiática. Mas ninguém revelou essas concessões. E é necessário considerar que após a assinatura do acordo o trabalho de montagem e relação de produtos e serviços apenas inicia.

Yushchenko era categoricamente contra as exclusões. Agora elas existirão. Mais precisamente - já existem: não haverá livre comércio com petróleo, gás, açúcar e álcool. Por enquanto são quatro produtos já conhecidos. Provavelmente haverá muito mais. Podemos supor que a lista de isenções incluirá armas e tubulações. (A Rússia não vai abolir as taxas dos produtos que ela possui e que são importantes e muito necessários aos outros países. Ela vai impor as suas necessidades, mas não permitirá que os outros o façam. Bielorrússia já vive esta situação, mas parece que ainda não aprendeu - O.K.).

Desta maneira, denominar o comércio como livre é complicado. Se o gás e o petróleo não forem incluídos no livre comércio, então falar sobre a liberdade, definitivamente, não vale a pena.

As empresas ukrainianas que consomem o gás russo, mesmo com o imposto de exportação zero, não se beneficiarão com a União Euroasiática. Os produtos russos serão mais baratos porque lá as fábricas consomem o seu gás mais barato.

O primeiro-ministro Vladimir Putin explicando a existência de tais exclusões, disse que elas são interessantes para os orçamentos dos nossos países em termos de política fiscal. "É a energética, metalurgia. Para elas são previstas medidas de regulação e proteção aduaneira." - disse Putin e prometeu que com o tempo as exclusões serão menores.

Em geral a União Eurasiana não será limitada às questões de regulação de exportação e importação. De acordo com Putin, o acordo em breve incluíra uma ampla gama de questões: de política sobre tarifas alfandegárias à política migratória e de vistos. Podemos supor que ao assinar este acordo, Ukraina triunfante partiu em direção a influência russa. (Observe, caro leitor, apenas Putin dá as coordenadas, os demais aceitam. Afinal Putin já esquematizou tudo. Que união é esta? Ou será simplesmente subordinação? - O.K.).
É o que queria Rússia. E o que quer UE, com a qual Ukraina conduz difíceis negociações sobre o mesmo assunto - uma área de livre comércio?

Surpreendentemente, a relação da UE foi mais do que calma. A delegação da UE na Ukraina afirmou que uma área de livre comércio não entra em conflito com outra: "Zona de livre comércio com países da CEI não afeta diretamente as nossas relações bilaterais".

Tal indiferença explica-se com o fato de que Área de Livre Comércio, em contraste com a União Aduaneira, para onde Rússia persistentemente chama Ukraina, não prevê uma política aduaneira única. Em outras palavras, Ukraina ainda não se comprometeu na regulação de suas tarifas alfandegarias conjuntamente com a Rússia, Belarus e Cazaquistão - isto é exatamente o que UE não necessita.

Agora o mais importante para Kyiv é não ir mais longe - não entrar na União Aduaneira. No entanto, a União da Eurásia é apenas um trampolin à União Aduaneira e ao Único Espaço Econômico. Existe o risco que, assinando o acordo de Área de Livre Comércio com os países da CEI, Ukraina vai mais longe? Sim. Existe.

Tudo pode começar com um simples comércio livre. Então pode transformar-se em um conglomerado de países, que acordam sua política aduaneira em relação a outros países.

Consequentemente, os membros da União Aduaneira não podem, independentemente, definir tarifas nas negociações com UE. Se, depois disso os países da CEI fundirem-se em um Único Espaço Econômico, então sobre a eurointegração pode ser colocada uma cruzinha.

Tudo conduz a isso. Putin já sonha não apenas pela regulação de tarifas e regime de vistos. Se isso não é uma próxima tentativa para criar uma nova unidade política, então é o quê?

No entanto, em 20 de outubro vieram boas notícias a partir de Bruxelas: Ukraina e UE acordaram sobre os parâmetros básicos da parte comercial do acordo sobre associação. Agora está aberto o caminho para criação de área de livre comércio. De acordo com os prognósticos de funcionários europeus, é provável isto acontecer antes do final de 2011.

Em Kyiv acreditam que o acordo sobre a área de livre comércio pode acontecer antes que o acordo sobre a associação. Pelo menos na administração presidencial esta opção é vista como mais desejável porque associação é um processo muito mais complicado.

Além disso, Yanukovych disse que primeiro Ukraina precisa "sentir" a União Aduaneira, fazer parte dela ele não se apressa. Afinal, o que mais ele poderia dizer - se juntar à UA colocará fim às negociações com UE.

O mais surpreendente, é que não há nenhum cálculo dos benefícios econômicos da área de livre comércio na abrangência dos oito países da CEI. Na esperança de incrementar o comércio, nada. Na Rússia, entretanto, acreditam que o aumento das importações baratas reduz a inflação, mas como isto afetará a balança comercial externa? Enigma.

A complexidade das negociações com UE se explicam, porque as partes calculam os benefícios. Particularmente, pelos dados da "Ekonomichna Pravda" (Verdade Econômica), nas conversações da Ukraina e UE os funcionários europeus declararam, que estão prontos para aceitar no seu mercado 80% da produção agrícola ukrainiana - sem taxas, mas, possivelmente, com quotas.

Portanto, não se deve superestimar o acordo sobre a zona de livre comércio com a CEI. A existência de exclusões e juramentos que eles serão minoria, não obriga ninguém a nada. Simplificando diremos, se agora há reuniões sobre taxas alfandegárias, digamos, da vodka, não é ruím, mas se dentro de alguns anos elas não existirão mais - é melhor. Ao todo, ninguém deve nada a ninguém.

Simplesmente - assinar sobre "zona de oito" não foi complicado para Azarov.


Tradução: Oksana Kowaltschuk
Foto formatação: AOliynik

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