sábado, 25 de junho de 2011

USURAPAÇÃO DE DIREITOS

"Deus, mão permita que se apoderem da terra do agricultor..."

Vysokyi Zamok, 10.06.2011
Ivan Farion

Das altas tribunas do Estado, nós, quase todos os dias ouvimos anúncios de reforma agrária, juramentos persuasivos para próxima criação de um mercado de terras transparente, estabelecimento de relações justas entre o camponês e o governo. Nos asseguram que estas reformas devolverão a Ukraina a condição de celeiro do mundo, e aos ukrainianos que curvam-se sobre o "chornozem" (terra preta) e terrenos baldios, farão abastados e felizes. Que "felicidade" é essa honestamente trabalhar no seu pedacinho de terra, sob orientação de seu governo, testemunha a dramática história do agricultor da aldeia de Drabiv, de Cherkasy, Oleksandr Biriuk.

O agricultor de 48 anos, fechou-se numa cabine com uma lata de gasolina e ameaçava riscar um fósforo, por causa da arbitrariedade da administração do governo regional, cujo presidente é do Partido da Regiões Volodymyr But que, contrariamente à lei, entregou a terra arrendada por O. Biriuk para uso ilegal de outro agricultor que também pertence aos "regionais".

Oleksandr Biriuk, na primavera, para semear a terra arrendada comprou fertilizantes, sementes e combustível. Mas, pela manhã, quando chegou com seus tatoristas para semear milho e soja . . .  a terra já estava semeada. . . .  Verificou-se que a semeadura foi efetuada por Serhei Butsko, do partido do Sr. But, deputado do Conselho da Província.

O agricultor O. Biriuk estava com os papéis sobre o arrendamento em ordem. Encaminhou solicitação à administração local e à Procuradoria local, e até ao governador de Chercasy, mas ninguém deu resposta. Então pegou uma lata de gasolina e foi à Administração, porque já havia esgotado todos os métodos legais.

O. Biriuk estava consciente. Ele não usa álcool, nem mesmo toma cerveja, a quinze anos.

"Eu não tenho saída! - diz Biriuk. - Tenho 320 mil de UAH (símbolo da moeda local) de dívidas pela compra de sementes, fertilizantes e combustível, que pagaria após a colheita. Quando se apoderaram de minha terra, eu quis devolver as sementes mas não aceitaram na empresa. Também pedi à administração local que me ajudassem vender as sementes para que não me levassem minha casa pela dívida das sementes. Mas não obtive ajuda nem dos responsáveis pela minha desgraça".

O. Biriuk acabou não ateando fogo em si mesmo porque o presidente da administração local Volodymyr But acabou prometendo a devolução das terras, mas, devido a muitos enganos ele ficou meio desconfiado com a "pessoa do presidente". É como diz o ditado popular: O senhor promete um sobretudo de peles - calorosas palavras.

Finalmente O. Biriuk recebeu a licença para retomar à sua plantação ( com a interferência do governador) porque o caso "foi espalhado pelo vento". Quando chegou ao campo. . . perdeu a fala. Seus 100ha foram deliberadamente destruídos. Na terra foram feitos grandes sulcos e precisaria de 4-5 dias para novamente trazer ordem à área. E, que colheita pode haver da já retardada semeadura? Além do que derramaram substâncias químicas no terreno. Se a semente nascer, dará frutos?

Qual deveria ser a atitude do governo que se diz "profissional"? No mínimo os "regionais" deveriam "correr" com o seu partidário Serhei Butsko, porque ele agiu contra lei e contra um ser humano. E entregá-lo à justiça. E também não poderia passar despercebida a aquiescência do administrador regional, com o silêncio do qual efetivam-se guerras por terra em toda Drabiv.

Quando o vice-governador soube  da profanação do campo - não quis mais conversar com o ofendido agricultor. Foi embora.

E como fica o presidente Yanukovych com a sua promessa "ouvirei a todos"?

(É por acontecimentos desse tipo que precisaram importar até "hrechka" - trigo mourisco ou trigo sarraceno - da China. É por agir assim que os "regionais" estão se dedicando à agricultura, e muitos deles até já entraram para relação dos 100 mais ricos da Ukraina, porque eles tem facilidades, mesmo que ilegais, à terra. E, é por isso que muitos camponeses estão indo, até ilegalmente, trabalhar nos países da Europa Ocidental, onde seu salário mensal
é mais certo que o fruto de seu trabalho em sua terra natal. - O.K.)

Tradução: Oksana Kowaltschuk

Um comentário:

  1. Muito bom o Blog. Gostaria de saber se é possível receber as novas postagens do blog por email, assim como recebo as de outros blogs como notalatina. Caso não seja, se os donos do blog pudessem providenciar, seria uma boa.

    Muito obrigado!

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