quinta-feira, 28 de abril de 2011

223 "PIANISTAS", que desconsideram o Estado.

 Ukrainska Pravda (Verdade Ukrainiana), 21.04.2011

Ivan Krulko

 No dia 19 de abril o Parlamento Ukrainiano aprovou a absurda em seu conteúdo, e antieuropéia em sua essência, a declaração referente ao "Ao 65º aniversário do Processo judicial Internacional aos antigos líderes da Alemanha, do exército Internacional, no Tribunal de Nuremberg".

O objetivo deste trabalho é muito simples - por um lado, continuar a reabilitação dos crimes do regime totalitário comunista, separando-o do regime nazi-fascista. Por outro lado impor mitos sobre os assim chamados colaboradores e cúmplices dos nazistas, lançando sombras sobre OUN ( Organização dos Nacionalistas Ukrainianos) e UPA (Exército Insurgente Ukrainiano) que lutaram tanto contra os nazistas, quanto contra a NKVD (órgão da polícia secreta da Rússia, de 1934 a 1943).

No Parlamento Ukrainiano encontraram-se 233 votos a favor deste documento, dos 450 do total. 

Tais declarações - sucessivo golpe na Integração à Europa
Os representantes do governo fazem juramentos de lealdade à opção européia da Ukraina. E isso é feito, tanto para consumo interno, porque  a integração européia é muito popular entre os eleitores ukrainianos, quanto para o exterior, demonstrando seu compromisso com o curso da integração européia.

A questão é outra quando realiza-se o cenário desejado pelo Kremlin, de atrair a Ukraina para o seu lado.

Mas, mesmo acreditando que o governo realmente deseja a integração com UE, então tais declarações que distinguem o regime soviético do regime nazista são dissonantes não apenas da posição oficial da UE, mas também das organizações, das quais Ukraina faz parte, em particular o Conselho Europeu e OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa).

Na Resolução do Conselho Europeu de Nº 1481, de 26 de janeiro de 2006 sobre a necessidade da condenação internacional dos crimes dos regimes comunistas totalitários, em particular é destacado:

"Sem exceção, todos os regimes totalitários comunistas que governaram na Europa Central e Oriental, no século passado e que ainda permanecem no poder em elguns países do mundo, caracterizam-se por inúmeras violações dos direitos humanos.

Isto foram as execuções individuais ou em massa, morte em campos de concentração, mortes pela fome, deportações, torturas, trabalhos forçados e outras formas de terror físico de massas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos, violação da liberdade de consciência, de pensamento e expressão, violação da liberdade de imprensa e ausência de pluralismo político.

Os crimes eram justificados com a teoria da luta de classes e do princípio da ditadura do proletariado. A interpretação destes dois princípios legitimava a "eliminação" de pessoas consideradas como obstáculo na construção de uma nova sociedade e, portanto, inimigos dos regimes totalitários comunistas.

A parcela predominante de vítimas em cada um dos respectivos países foram os seus próprios cidadãos. Especialmente, isto refere-se à população da ex-URSS, onde o número de mortos foi muito maior que o número de vítimas em outros países.

A queda dos regimes comunistas totalitários na Europa Central e Oriental nem sempre foi acompanhada por uma investigação internacional, em seus crimes. Além disso, a comunidade internacional não levou ao tribunal os autores desses crimes, como foi feito com os autores dos horríveis crimes do nazismo.

Além disso a Assembléia apela a todos os partidos comunistas e pós-comunistas nos Estados Membros do Conselho Europeu - se ainda não fizeram isto - dar uma nova avaliação da história do comunismo e do seu próprio passado, e claramente dissociar-se dos crimes totalitários dos regimes comunistas e condená-los de forma inequívoca".

A mesma posição foi tomada pelo Parlamento Europeu, que em 02.04.2009 aprovou a Resolução referente ao citado documento do Conselho Europeu.

De acordo com a posição do Parlamento Europeu: "Europa não terá unidade se ela não conseguir uma idéia geral de sua história, não reconhecer o nazi-fascismo e o stalinismo, os regimes nazistas e stalinistas como herança comum e não organizar uma discussão atenciosa e honesta dos crimes desses regimes no século passado".

Neste contexto vale recordar que, de acordo com a declaração do Parlamento Europeu de 23.09.2008, o dia 23 de agosto foi proclamado Dia Europeu da Memória das Vítimas do Stalinismo e do Nazismo.

Posição semelhante observa-se na Resolução da Assembléia Parlamentar da OSCE, de 29 de junho de 2009.
Assim sendo, a posição comum da Europa Unida é inequívoca - o regime totalitário soviético e o regime totalitário nazista - são irmãos gêmeos. Daí a URSS não é nada diferente da Alemanha nazista.

A isso também é indispensável lembrar o Pacto Molotov-Ribbentrop e as comuns "danças e desfiles", dirigidos pelos soviéticos "osvoboditieli" (libertadores), com os nazistas na véspera da Segunda Guerra Mundial.

Portanto, a pergunta lógica, senhores deputados, de que maneira o Estado pode integrar-se à UE se o seu Parlamento não compartilha com a posição européia quanto ao entendimento comum da história e da condenação dos crimes do periódo totalitário?

Cópia exata conforme padrão de Kremlin, como diagnóstico do atual governo No final do ano passado, em 23 e 24 de novembro, declarações similares em conteúdo e ideologia foram aprovados pela DUMA (Parlamento russo) e do Conselho da Federação Russa.

Certas exclamações e até mesmo frases inteiras das declarações dos nossos vizinhos do norte foram "arrancadas" e incluídas no texto da declaração aprovada pelo Parlamento ukrainiano.

A cópia do original russo demonstra não somente o potencial dos "autores" da declaração, mas confirma mais uma vez que o atual governo diretamente copia todas as decisões elaboradas em Moscou.

Bandeiras vermelhas, como prorrogação da desconsideração da Ukraina
 
No mesmo dia em que foi aprovada esta vergonhosa declaração, o Parlamento incluiu na ordem do dia uma outra questão - um projeto de lei sobre alterações à Lei da Ukraina "Sobre perpetuação da Vitória na Grande Guerra Patriótica de 1941-1945" (quanto a agenda oficial de uso das cópias da Bandeira da Vitória).

Especificamente, este projeto de lei propõe "o uso oficial no Dia da Vitória de cópias da Bandeira da Vitória em edifícios (torres, mastros), juntamente com a bandeira do Estado da Ukraina.

Em outras palavras é que, sem exceção, tudo na Ukraína será  "coberto" com bandeiras vermelhas da União Soviética.

Esta lei está prevista para considerações nesta semana. E, a julgar pelo Parlamento, as chances para sua aprovação são altas.

Com a adoção desta lei, Ukraina contrasta o mundo democrático, glorificando a nível de Estado, o passado totalitário comunista, expondo bandeiras da era de Stalin ao lado das nacionais.

Mais, em todos estes acontecimentos - declarações, projetos de lei, idéias, de organizações extremistas em levar as bandeiras vermelhas na cidade de Lviv no dia 9 de maio observa-se claramente uma ação planejada. A principal meta desse projeto é a continuidade na divisão da Ukraina em oriental e ocidental, separando-a da Europa democrática e o retorno decisivo para a zona de influência do Kremlin.

Embora possa haver mais um objetivo implementado em paralelo. Na situação de pobreza em massa, elevação dos preços nos produtos alimentares e serviços comunais, o governo tentará demonstrar à Ukraina do leste, que realiza deste modo suas nostálgicas expectativas. De acordo com o princípio "não podemos dar o pão, então daremos espetáculo".

Autor: Ivan Krulko, Presidente do Movimento Jovem - Movimento Popular da Ukraina, mestre em direito.
Tradução: Oksana Kowaltschuk


 

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